Guiné-Bissau: Aumenta pressão para convocar novas eleições
19 de fevereiro de 2018Trinta e três dias depois de Artur Silva ser nomeado primeiro-ministro, a Guiné-Bissau continua sem um novo Governo.
Nenhuma das formações políticas com assento parlamentar, incluindo a do primeiro-ministro, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), aceitou integrar um Executivo chefiado por Artur Silva. O PAIGC insiste na nomeação de Augusto Olivais. E, à semelhança do vencedor das últimas legislativas, os outros signatários do Acordo de Conacri, que prevê a nomeação de um primeiro-ministro de consenso, também estão contra a nomeação de Silva.
Aumenta, por isso, a pressão para convocar novas eleições: "As eleições são a única via para acabarmos com esta crise política e não estas as sanções injustas e ilegítimas!", afirmou Vítor Mandinga, ministro do Comércio do Governo demissionário, em nome dos partidos que apoiam o Presidente José Mário Vaz.
"Vamos todos, nas próximas eleições, escolher líderes que construam o Estado e que consolidem a Nação", acrescentou.
Mandinga é um dos 19 visados pelas sanções da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), devido ao arrastar da crise na Guiné-Bissau.
CNE "está preparada"
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou, entretanto, que "está tecnicamente preparada" para realizar eleições legislativas dentro do calendário, se for essa a decisão do chefe de Estado guineense.
"Tecnicamente é possível realizar eleições em 2018. Como sabem, é o Presidente da República que marca a data e aguardamos a sua decisão", disse o secretário-executivo da CNE, José Pedro Sambú.
As legislativas deveriam ser realizadas este ano, segundo o calendário eleitoral. Mas já se falou na possibilidade de adiamento. A 3 de janeiro, o diretor do Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE), Brum Namone, afirmou que "não há condições técnicas para realizar eleições dentro do calendário" devido ao estado avançado de degradação dos equipamentos de recenseamento eleitoral e a avarias. "Mais de 80% do material do recenseamento utilizado nas últimas eleições está estragado, devido à má conservação", notou.
O Presidente guineense remete-se, por enquanto, ao silêncio. O país aguarda, porém, uma decisão de José Mário Vaz: Se vai dissolver o Parlamento e convocar novas eleições ou nomear um novo primeiro-primeiro - seja Augusto Olivais, como deseja o PAIGC, ou outro dirigente.