Guiné-Conacri: População culpa junta militar pela inflação
16 de fevereiro de 2024O Governo da Guiné-Conacri aumentou recentemente o custo de importação de produtos alimentares básicos, o que levou a um aumento de preços sem precedentes nos mercados de todo o país.
A subida dos preços de produtos como o arroz, o óleo, a farinha e o açúcar, apanhou de surpresa a população. Mabinty Bangoura, funcionária pública, culpa a junta militar – que lidera o país desde 2021 - pela atual subida de preços.
Atualmente, a vida na Guiné-Conacri é muito cara, as autoridades aumentaram voluntariamente o preço do saco de arroz, só para nos dificultar a vida. Não estou a acusar ninguém, mas sim o Governo que é incapaz de salvar o seu povo. O preço de todos os bens aumentou, e apenas a um mês do Ramadão.
O Governo justifica que o aumento do preço do arroz se deve ao aumento do preço do produto na Índia. No entanto, para o ativista Mory Kaba, as explicações do Executivo são alarmantes e inaceitáveis.
"As razões, para nós, não são válidas. Será que a Guiné-Conacri é o único país que está a importar arroz da Índia? Porque é que a Costa do Marfim, o Mali e a Nigéria não aumentaram o preço do arroz? Na nossa análise, o governo acordou com importadores para fazer sofrer a população, mas não vamos aceitar isso."
Governo quer soluções
Na semana passada, o Ministério do Comércio assinou um acordo com os importadores para que sejam mantidos os preços dos géneros alimentícios, enquanto foram feitas campanha de sensibilização nos mercados de todo o país, no sentido de os preços serem respeitados.
A Ministra do Comércio, Loupou Lamah, lançou um aviso a quem for apanhado a violar os acordos. "Pedimos à comunidade empresarial que se certifique de que assinatura do acordo é respeitado. Existe uma linha direta para denunciar todas as más práticas, quer a retenção de mercadorias ou o aumento injustificado de preços, contrariando os preços fixados pelo governo. Pedimos a todos que nos informem atempadamente e os culpados serão responsabilizados."
O economista Mohamed Camara alerta para a necessidade urgente de haver um aumento da produção local.
"A classe baixa gasta muito do seu dinheiro em comida, por isso, se o preço aumentar, será afetada diretamente. Há o risco de a Guiné-Conacri acabar por enfrentar uma inflação elevada se nada for feito para aumentar a utilização de produtos locais em vez de importados."
Cidadãos e especialistas acreditam que a solução do problema passa pela adoção, por parte do governo, de políticas fiscais que favoreçam o cidadão comum.
Além disso, embora as políticas da junta militar possam ter contribuído para o aumento dos preços, é impossível ignorar problemas pré-existentes e influências externas.