Hollande deixa Angola com mensagem de diversificação
3 de julho de 2015O chefe de Estado francês foi até Angola para reforçar a cooperação económica entre os dois países, depois de um longo período conturbado nas relações devido ao caso Angolagate, referente a um processo que correu na justiça francesa sobre o alegado tráfico e venda ilegal de armas ao Governo de Angola na década de 90. Enterrado esse período conturbado, os dois países tentam agora olhar para o futuro e recuperar o tempo perdido nas relações bilaterais.
À chegada a Luanda na quinta-feira (02.07), François Hollande dirigiu uma mensagem à comunidade francesa em Angola, incluído empresários, desafiando-os a investir nas mais diversas áreas da economia angolana.
Esta sexta-feira (03.07), depois de um encontro em privado, François Hollande e o seu homólogo angolano, José Eduardo dos Santos, presidiram a uma conferência de imprensa, onde falaram sobre os diversos os acordos assinados e sobre os ganhos recíprocos para os dois países.
O chefe de Estado francês disse aos jornalistas que os acordos agora rubricados irão permitir que a França marque presença em vários setores da economia angolana com vista à sua diversificação. "É necessário também diversificar a presença francesa em vários domínios que estão previstos: construção civil, energias renováveis, saúde, investigação, setor agro-alimentar, turismo e hotelaria"., sublinhou.
Franceses vão gerir 50 hotéis
O Presidente da França dirigiu ainda um Fórum Económico de Cooperação Angola-França, onde anunciou algumas novidades de aplicação imediata. A transportadora aérea Air Francevai criar um terceiro voo semanal entre Paris e Luanda. E o grupo francês Accor vai gerir 50 unidades hoteleiras em Angola, 15 das quais na capital, criando, assim, mais de três mil postos de trabalho a partir de 2017.
"Tudo isto revela que estamos num movimento de amplificação e simultaneamente de diversificação" das relações económicas, sublinhou Hollande.
Foi também assinado um acordo entre a francesa Total e a angolana Sonangol que prevê acelerar a exploração e desenvolvimento das actividades petrolíferas em Angola e o desenvolvimento da capacidade operativa da Sonangol, na ordem dos 2,5 mil milhões de dólares.
Foram ainda rubricados acordos nos domínios da energia, água, ambiente e da formação. "A formação é necessária em todas as áreas e o que desejamos é que a formação corresponda às necessidades dos angolanos", declarou Hollande.
Paz e democratização
O papel de Angola na manutenção da paz e da segurança na região dos Grandes Lagos mereceu o elogiou do Presidente Francês. François Hollande falou também do processo de democratização em curso Angola, tendo encorajado as autoridades angolanas a não pouparem esforços para o processo de reconciliação nacional e da democratização do país.
Por sua vez, o Presidente angolano mostrou-se confiante na melhoria e fortalecimento das relações entre os dois países com os acordos agora assinados. "Estou certo que esta visita vai ser um marco indelével nas relações entre Angola e a França", considerou José Eduardo dos Santos.
Mais de 60 empresas francesas estão já a exercer a sua atividade económica e comercial em Angola e já estão aprovados 87 projetos de investimento privado francês em várias regiões do país, fora do setor dos petróleo, revelou ainda o chefe de Estado.