1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Angola e França reforçam a cooperação bilateral

Maria João Pinto / Lusa / Reuters / Moki Kindzeka3 de julho de 2015

O Presidente de França, François Hollande, está em Angola numa visita oficial que pretende reforçar as relações entre os dois países, e reúne-se esta sexta-feira (03.07) com José Eduardo dos Santos.

https://p.dw.com/p/1FsLJ
François Hollande, Presidente de França, e o seu homólogo angolano, José Eduardo dos SantosFoto: Getty Images/AFP/A. Jocard

O Presidente de França, François Hollande, está em Luanda numa visita oficial que diz enquadrar-se no reforço das relações entre França e Angola, que em tempos passados, afirma, "não foram muito fáceis".

A visita do Presidente francês a Angola surge na sequência da reaproximação entre os dois países, que culminou em dezembro passado com a assinatura de acordos para o reforço da cooperação bilateral, de parceria económica e facilitação de vistos nos passaportes ordinários.

No início da visita à capital angolana, esta quinta-feira (02.07), o chefe de Estado francês anunciou que os dois países vão lançar um novo programa de cooperação tendo em vista a diversificação da economia angolana, afetada pela crise da queda da cotação do barril de petróleo no mercado internacional.

Hollande destacou, neste sentido, os setores do turismo, hotelaria e infra-estruturas. Esta sexta-feira (03.07) são assinados acordos bilaterais para a facilitação de vistos para empresários, desportistas e pessoal da cultura.

Acordos empresariais assinados durante o fórum económico Angola-França

Durante o fórum económico Angola-França, também realizado esta sexta-feira (03.07) em Luanda, três acordos empresariais foram assinados. O primeiro estipula que os franceses da Accor vão gerir a rede de hotéis do grupo angolano AAA, o que irá permitir a abertura de 50 unidades hoteleiras e a criação de 3 mil postos de trabalho até 2017.

"França confia no futuro económico angolano. Sentimo-nos impressionados com o potencial de Angola", afirmou o chefe de Estado francês, que reconheceu a necessidade de diversificar a cooperação económica entre os dois países, "que ainda se cinge muito ao petróleo".

"Investir em Angola significa transmitir uma mensagem de confiança à população angolana e à economia angolana", referiu ainda Hollande.

Francois Hollande in Angola
No fórum económico Angola-França, realizado esta sexta-feira em Luanda, três acordos empresariais foram assinadosFoto: Reuters/Herculano Coroado

Foi também assinado um acordo entre a petrolífera francesa Total e a angolana Sonangol para "reforçar a cooperação e acelerar as atividades de exploração" dos recursos petrolíferos em Angola. A Total garante 40% da produção angolana de petróleo, e investe anualmente no país, nesta atividade, 2,5 mil milhões de euros.

Um terceiro acordo foi assinado e visa a modernização, até 2022, do Instituto Nacional de Meteorologia de Angola (Inamet), através de uma parceria com o instituto público Meteo France Internationale (MFI) e a empresa angolana LTP Energia. Os montantes financeiros dos três acordos assinados neste fórum empresarial não foram revelados.

Foram ainda assinadas, durante este encontro, cartas de intenção de encomendas de Angola a França de pelo menos 220 milhões de euros em construção naval e infra-estruturas.

Agricultura, planeamento urbano, transportes, energia e água, infra-estruturas, comunicações e geologia e minas são áreas prioritárias identificadas desde 2014 no relançamento das relações bilaterais, na cooperação económica entre Angola e França.

No final da manhã, Hollande encontrou-se com o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, no Palácio Presidencial, concluindo assim a visita de Estado de 24 horas ao país.

“Todas as democracias e constituições devem ser respeitadas”

Anteriormente, no Benim, onde arrancou a visita de dois dias ao continente africano, Hollande deixou um recado aos chefes de Estado dos países por onde passa até ao final desta sexta-feira (03.07):

“Vou a Angola e aos Camarões. Não vou alterar o meu discurso. As eleições têm de ter lugar ao ritmo previsto por todas as democracias e as constituições devem ser respeitadas. Quando alguém as pretende mudar, introduzindo alterações para se manter no poder, isto é um risco para a democracia, a estabilidade e a segurança. Vemos isso no Burundi, onde há violência e protestos intermináveis”, afirmou.

Durante a tarde desta sexta-feira (03.07), e após o encontro com José Eduardo dos Santos, Hollande irá seguir para os Camarões, naquela que é a primeira visita do estadista francês ao país desde que foi eleito.

Francois Hollande Benin Thomas Yayi Boni
François Hollande reuniu-se com o Presidente do Benim, Boni Yayi, antes da visita a AngolaFoto: Reuters/Charles Placide Tossou

François Hollande chega à capital, Yaoundé, numa altura em que aumentam os sentimentos anti-França entre os camaroneses. A população condena aquilo que classifica como uma influência negativa de França na economia da antiga colónia, e questiona o fato de as armas apreendidas ao grupo extremista islâmico nigeriano Boko Haram serem de origem francesa.

Yimgaing Moyo Theophile, presidente do partido camaronês Movimento dos Cidadãos, afirma mesmo que França falhou no apoio ao combate ao Boko Haram:

“Os Camarões, a Nigéria, o Chade e o Níger têm estado a lutar contra o Boko Haram sem que França contribua com soldados e apoio tecnológico, apesar de ter sido em França que a guerra ao grupo extremista foi declarada por cinco chefes de Estado africanos. França deveria estar a ajudar nesta luta, quanto mais não fosse porque o grupo terrorista manteve reféns cidadãos franceses até que os Camarões e a Nigéria negociaram a sua libertação”, diz Theophile.

Apesar das críticas, as questões de segurança, particularmente o combate ao Boko Haram, são pontos altos do périplo africano de François Hollande.

Hollande diz-se disponível para ajudar no combate ao Boko Haram

No Benim, o Presidente Boni Yayi aproveitou a visita do homólogo francês para apelar à cooperação de França na conquista do apoio internacional à força multinacional de combate aos extremistas islâmicos na região do Lago Chade. Nomeadamente, Yayi pede que França faça pressão para que o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) adote uma resolução aprovando o início das operações.

Hollande mostrou-se disponível para ajudar o continente durante a visita ao Benim: “Estamos prontos, juntamente com a Europa, para apoiar as forças que deverão ser colocadas na região. França assumiu as suas responsabilidades em várias ocasiões. Falo do Mali e da República Centro-Africana. No caso do combate ao Boko Haram, estamos presentes na região e podemos fornecer, se assim nos for pedido, apoio logístico e material”, declarou o Presidente francês.

[No title]

Saltar a secção Mais sobre este tema