Ilhas dos Bijagós concorrem a Património Mundial Natural
1 de fevereiro de 2024As 88 ilhas e ilhéus que compõem o arquipélago dos Bijagós são consideradas um tesouro da Guiné-Bissau. As três candidatas a Património Mundial Natural da UNESCO são a joia da coroa.
As três ilhas e parques naturais, nomeadamente João Vieira e Poilão, Orango e Urok, são cruciais para a reprodução e alimentação de várias espécies ameaçadas, incluindo tartarugas marinhas, hipopótamos marinhos, tubarões e raias.
Tudo isso pesará na candidatura a Património Mundial Natural, comenta a diretora-geral do Instituto de Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné-Bissau (IBAP), Aissa Regalla de Barros, em declarações à DW África. O dossier da candidatura será entregue esta quinta-feira (01.02) na sede da UNESCO na capital francesa pelo ministro do Ambiente, Biodiversidade e Ação Climática, da Guiné-Bissau Viriato Soares Cassamá.
"Após a entrega vai começar todo um processo de ‚lobby'. Acreditamos que em junho de 2025 teremos a resposta oficial da UNESCO, se a candidatura foi validada ou não," explica Regalla de Barros.
Desenvolvimento sustentável
O reconhecimento das três ilhas como Património Mundial Natural da UNESCO é visto como um passo importante para o reforço das ações de conservação em prol do desenvolvimento sustentável.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) já tinha atribuído ao arquipélago o estatuto de Reserva da Biosfera, em 1996. Em 2014, as ilhas Bijagós foram designadas como zona húmida de importância internacional.
O coordenador da Rede Lusófona de Educação Ambiental na Guiné-Bissau, Fernando Saldanha, defende que as ilhas reúnem condições para serem reconhecidas como património mundial. Mas alerta que as ações de conservação devem ser alinhadas ao desenvolvimento para evitar conflitos com a população.
"Quando se diz para não pescar em certa altura num certo local, para não desmatar, temos de criar condições compensatórias e resolver as necessidades básicas da população local das ilhas, para que elas tenham o que comer e o que vestir, acesso à saúde, acesso à educação e ao comércio, que é muito difícil nas ilhas," pondera.
"Com essas condições criadas, as populações das ilhas vão reforçar os seus esforços para a conservação da biodiversidade," garante.
Compromisso com a conservação
E se as ilhas forem reconhecidas como património mundial, o Estado guineense tem uma tarefa difícil pela frente.
"O Estado da Guiné-Bissau, através do seu Governo, deve engajar-se após a aprovação desta candidatura, porque vai ser um compromisso já não a nível interno, mas a nível internacional. Será um compromisso com a UNESCO e com o mundo," refere Fernando Saldanha.
A Guiné-Bissau ratificou a Convenção do Património Mundial Cultural e Natural em janeiro de 2006. Na altura, comprometeu-se a identificar, proteger, valorizar e transmitir às gerações futuras o património cultural e natural situado no seu território.
O Instituto de Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné-Bissau acredita que o reconhecimento da candidatura das ilhas a património mundial apoiará não só na promoção do ecoturismo sustentável no arquipélago, mas também facilitará a obtenção de fundos para conservar estas áreas e desenvolver as comunidades locais.