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Imprensa alemã alerta para possível golpe de Estado na Costa do Marfim

12 de outubro de 2012

A tensão no norte do Mali a violência continuada nas greves mineiras da África do Sul e um eventual golpe de Estado na Costa do Marfim mereceram destaque nas páginas da imprensa alemã esta semana.

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Foto: Fotolia

O jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung destaca o apoio dado pela França a uma intervenção no Mali. Trinta dias é o prazo que Paris deu às organizações regionais e aos países africanos envolvidos para especificarem as modalidades de uma intervenção militar no Mali, solicitada oficialmente por Bamako após muitas hesitações. "Depois de um encontro do presidente francês François Hollande com o secretário geral das Nações Unidas Ban Ki-Moon, em Paris", escreve o diário alemão, " a França espera que em breve seja votada no Conselho de Segurança a proposta de resolução francesa".

Caso esta seja aprovada, o que é provável, "uma vez que os cinco países com direito de veto no Conselho de Segurança estão de acordo", salienta o Frankfurter Allgemeine Zeitung, caberá à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) organizá-la. "A França está disposta a apoiar a resolução, logística, política e financeiramente".

O governo de Bamako mostra-se incapaz de travar a violência no país sem auxílio externo. Na foto rebeldes do movimento islâmico MUJWA que Bamako combate
O governo de Bamako mostra-se incapaz de travar a violência no país sem auxílio externo. Na foto rebeldes do movimento islâmico MUJWA que Bamako combateFoto: Reuters

Recorde-se o presidente do Mali, Dioncounda Traoré, impôs condições para essa ajuda, restringindo-a à capital Bamako e apenas para a defesa das chamadas"instituições da República" – ou seja, do governo". Uma posição que não é partilhada pelo primeiro ministro do país, Modibo Diarra, que quer a entrada de tropas e da força aérea francesas no norte do Mali e tropas da CEDEAO a defenderem a linha de frente ao norte da cidade de Mopti, a cerca de 650 km a nordeste da capital.

Apoiantes de Laurent Gbagbo no exílio "preparam golpe de Estado"

Laurent Gbagbo, ex-presidente marfinense: seus apoiantes estarão supostamente a preparar um golpe de Estado
Laurent Gbagbo, ex-presidente marfinense: seus apoiantes estarão supostamente a preparar um golpe de EstadoFoto: picture-alliance/dpa

Segundo o jornal alemão Die Tageszeitung simpatizantes no exílio do antigo presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, terão criado "uma estrutura militar para reconquistar o poder no país". Esta acusação é feita por um grupo de peritos das Nações Unidas e será apresentada em relatório ao Conselho de Segurança nesta sexta-feira (12.10).

"Os apoiantes de Gbagbo contrataram mercenários no Gana e na Libéria e criaram um comando estratégico", escreve o Die Tageszeitung. A instabilidade no Mali também serve aos propósitos dos simpatizantes do ex-presidente marfinense que estarão mesmo a ponderar constituir "bases operacionais no Mali".

Em 2010 Laurent Gbagbo, que governava a Costa do Marfim desde o ano 2000, perdeu as eleições presidenciais mas não reconheceu a derrota. Só após violentos combates é que o candidato eleito, Alassane Ouattara, com a ajuda de rebeldes da Costa do Marfim e tropas francesas, pôde tomar posse em Abril de 2011. Entretanto Gbagbo foi detido pelo Tribunal Penal Internacional.

Violência na África do Sul faz mais duas vítimas mortais

A polícia sul-africana bloqueia uma marcha de protesto dos mineiros em Rustenburg
A polícia sul-africana bloqueia uma marcha de protesto dos mineiros em Rustenburg (16.08)Foto: Getty Images

Um homem foi queimado vivo e outro foi baleado na quinta-feira (11.10) durante violentos confrontos junto a uma mina de platina em Rustenburg, na África do Sul, onde os mineiros estão em greve desde 12.09, no dia em que foi rejeitada uma proposta do patronato para tentar pôr fim às paralisações em várias minas no país.

Para o Süddeutsche Zeitung, "há dois meses que a situação se vem agravando e o governo parece ser impotente". O diário alemão salienta que o massacre da mina de Marikana - a 16.08, polícias mataram 34 grevistas a tiro - representa "a mais severa derrota do ANC, o Congresso Nacional Africano [partido no poder na África do Sul].

O presidente Jacob Zuma, normalmente um homem que gosta de grandes palavras, não tem encontrado as palavras certas face à tragédia". Na África do Sul cerca de cem mil trabalhadores estão em greve desde agosto. Destes, 75 mil são mineiros, e nesta quinta-feira o principal sindicato do sector do país, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Minas rejeitou uma proposta do patronato para pôr fim à greve.

Investidores disputam terras férteis em África

"Terras aráveis são indispensáveis para a sobrevivência da humanidade. O que torna preocupante a corrida mundial, desde a crise financeira de 2008, para comprar terrenos produtivos", nota o Neues Deutschland. "Esta corrida faz o mundo voltar à época do colonialismo", em particular em África, de acordo com o jornal.

Por exemplo, na Tanzânia, escreve o Neues Deutschland, existem 88 milhões de hectares de terrenos férteis dos quais 37 milhões se situam em parques naturais e os restantes são usados por tribos nómadas como pasto para o seu gado. O problema é que essas tribos não têm direitos sobre os terrenos que usam e o governo tanzaniano registou-os como improdutivos podendo portanto, em nome do combate à fome e à pobreza, ser vendidos ou alugados a investidores estrangeiros.

Autora: Helena Ferro de Gouveia
Edição: Renate Krieger

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