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União Africana poderá beneficiar com nova presidente

15 de agosto de 2012

A União Africana ganhou nova roupagem com a eleição da nova presidente da Comissão, a sul-africana Nkosazana Dlamini-Zuma. Apoiada pela SADC, poderá dar mais credibilidade à organização, segundo analista moçambicano.

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Nos 49 anos de existência da União Africana, nenhum país da África Austral tinha ocupado um cargo tão importante na organização. Nkosazana Dlamini-Zuma, ex-ministra do Interior da África do Sul é a primeira mulher a dirigir a Comissão da União Africana. Foi eleita a 15 de julho, depois de uma renhida luta com Jean Ping, anterior responsável, apoiado pela CEDEAO, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.

Até agora a imagem da União Africana era “suspeita” segundo António Gaspar, analista do Instituto Superior de Relações Internacionais, em Moçambique, já que, na sua opinião, "a União Africana, nos últimos anos, perdeu credibilidade”.

Citando um exemplo, António Gaspar considera que o “caso da Líbia foi muito mal resolvido. E isto faz com que qualquer cidadão faça críticas fortes à UA. A organização, neste momento, está num nível bastante baixo em termos de perceção dos outros países e mesmo dos cidadãos", refere.
A SADC, a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, investiu muito na candidatura de Dlamini-Zuma. Externamente, esta organização regional apresenta uma imagem de coesão, união e credibilidade, segundo o analista moçambicano, elementos que lhe conferem respeito internacional e capacidade para discutir em pé de igualdade com as suas congéneres internacionais.

A questão que agora se coloca é se Dlamini-Zuma conseguirá passar esses valores à União Africana. Quanto a isso António Gaspar não tem dúvidas: “o sentimento que existe é que, através da senhora Zuma, se possa fortalecer e consolidar a unidade no seio da União Africana. A ideia é tentar levar a experiência, o calor, o sentimento de coesão e ação que existe na SADC para a UA". Mas, acautela o analista "isto tem de ser feito sempre na perspetiva mais global e nunca tentar criar a ideia de que, neste momento, quem está a dirigir a UA é a SADC".

Dlamini-Zuma traz valor acrescentado
Existem, entretanto, outros dois fatores que jogam a favor de Dlamini-Zuma, por exemplo, o fato de ser a primeira mulher a ocupar um alto cargo na organização, além de ser a primeira representante de um país da SADC na União Africana.

Todos estes elementos conjugados criam expetativas. O analista António Gaspar acredita que a nova presidente da Comissão da UA “vai trazer valor acrescentado”. Mas acredita que, na atuação de Dlamini-Zuma “alguns aspetos fundamentais vão ser mudados, sem perder a perspetiva de que estará a dirigir uma organização continental e não uma regional, apesar de ter sido apoiada pela SADC”.

Segundo António Gaspar, Instituto Superior de Relações Internacionais, Dlamini-Zuma “terá de fazer um esforço adicional para trazer para a gestão dos assuntos da organização daqueles [países] que votaram contra ela. Portanto, a perspetiva tem de ser supra regional de modo a preservar os interesses dos povos africanos".
De salientar que a SADC tem membros que pertencem aos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP), são eles Angola e Moçambique. Este facto pode ter contribuído para canalizar mais apoios dos outros integrantes dos PALOP na candidatura de Dlamini-Zuma.

O analista moçambicano concorda que "lobbies" e movimentações desta natureza são comuns, umas vezes com consequências positivas e outras não. No caso da candidatura de Dlamini-Zuma, António Gaspar recorda a posição de Cabo Verde: “durante a campanha, Cabo Verde, devido aos compromissos que tinha na sua sub-região, disse claramente que não iria apoiar. Mas penso que mais tarde acabou mudando [de posição], em função das circunstâncias. É aqui onde reside o maior calcanhar de Aquiles".

Recorde-se que o Presidente de Cabo Verde disse que a eleição de Dlamini-Zuma para a presidência da União Africana era um “alívio”. Mas Jorge Carlos Fonseca não revelou o seu voto.

15.08.12. SADC-UA - MP3-Mono

Nkosazana Dlamini-Zuma, a nova presidente da Comissão da UA
Nkosazana Dlamini-Zuma, a nova presidente da Comissão da UAFoto: Reuters
A União Africana perdeu credibilidade nos últimos tempos, segundo o analista político António Gaspar
A União Africana perdeu credibilidade nos últimos tempos, segundo o analista político António GasparFoto: picture-alliance/dpa
Nkosazana Dlamini-Zuma, a nova presidente da Comissão da UA
Nkosazana Dlamini-Zuma, a nova presidente da Comissão da UAFoto: picture-alliance/dpa