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União Africana mantém suspensão, mas busca diálogo na Guiné-Bissau

26 de julho de 2012

A organização africana está em diálogo com o governo de transição para pôr fim à crise política no país, que se arrasta desde o golpe militar. Entretanto, o Conselho de Segurança da ONU debate a situação na Guiné-Bissau.

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Golpe militar na Guiné-Bissau
Golpe militar na Guiné-BissauFoto: Reuters

O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai debater esta quinta-feira (26.07) a crise política na Guiné-Bissau. De acordo com a agência Lusa, o representante da ONU no país, Joseph Mutaboba, vai apresentar aos 15 países-membros do Conselho um "briefing" sobre a situação no país depois do golpe militar de 12 de abril.

A reunião tem lugar um dia depois do novo representante da União Africana (UA) em Bissau se ter encontrado com o presidente de transição guineense, Serifo Nhamadjo.

O representante da UA, Ovídio Pequeno, disse esta quarta-feira que, para já, a União Africana deverá manter a Guiné-Bissau de fora, mas quer "encontrar mecanismos" que permitam ao país regressar à organização.

Atual Presidente de transição guineense, Serifo Nhamadjo
Atual Presidente de transição guineense, Serifo NhamadjoFoto: picture-alliance/abaca

No encontro, os dois responsáveis debateram a forma como a UA poderá ajudar a Guiné-Bissau "a criar um clima de paz e de estabilidade". Pequeno negou-se, no entanto, a revelar aos jornalistas a posição de Nhamadjo sobre o assunto.

A União Africana suspendeu a Guiné-Bissau depois do golpe militar de 12 de abril. O atual governo de transição é reconhecido pela Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) mas enfrenta uma forte oposição da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), entre outros atores da comunidade internacional.

Antes da última cimeira da CPLP, que decorreu no dia 20 de julho em Maputo, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas, afirmou que a representação da Guiné-Bissau na reunião do chefes de Estado de língua portuguesa devia "ser assegurada pelas autoridades que derivam do voto popular" e não "por quaisquer outras de natureza violenta, pela forma como se instalaram no poder."

Mediação da UA

O Presidente interino deposto, Raimundo Pereira, representou a Guiné-Bissau na cimeira da CPLP em Maputo
O Presidente interino deposto, Raimundo Pereira, representou a Guiné-Bissau na cimeira da CPLP em MaputoFoto: AP

Na reunião desta quarta-feira, o representante da União Africana abriu também as portas ao diálogo internacional e, particularmente, ao diálogo com a CEDEAO e a CPLP:

"Tem que ser um diálogo inclusivo para que, de facto, saiamos desta situação em que nos encontramos", disse.

Ovídio Pequeno disse que iria contactar em breve um representante da CEDEAO para se poderem retomar as conversações.

Líderes religiosos pedem "justiça"

O golpe militar na Guiné-Bissau foi a 12 de abril
O golpe militar na Guiné-Bissau foi a 12 de abrilFoto: picture-alliance/dpa

Os líderes religiosos guineenses reuniram-se também esta quarta-feira com Serifo Nhamadjo, numa gesto de apoio ao trabalho das autoridades de transição no "momento crítico" que o país está a atravessar.

Numa audiência conjunta, os líderes católicos, protestantes e muçulmanos disseram ao Presidente do governo de transição que só "uma justiça digna e verdadeira" poderá ajudar a Guiné-Bissau a sair da crise em que se encontra.

"Ser Presidente neste momento é difícil e ter como princípio ouvir várias personalidades é um sinal positivo antes de tomar qualquer decisão", disse o porta-voz dos chefes religiosos, José Lampra Cá.

Autor: GCS/Lusa
Edição: António Rocha