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Ivone Soares: "Todos temos de ser Dhlakama"

Lusa | mjp
6 de maio de 2018

A líder parlamentar da RENAMO e sobrinha do presidente do partido, que morreu na quinta-feira (03.05), lança o apelo aos moçambicanos para seguirem os passos de Afonso Dhlakama.

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Ivone Soares, Mitglied von RENAMO
Foto: DW/N.Issufo

"Agora todos temos de ser Dhlakama", disse Ivone Soares aos jornalistas, no final de uma celebração religiosa que juntou, neste sábado (06.05), centenas de pessoas numa das sedes da RENAMO, na cidade da Beira - onde as cerimónias fúnebres públicas vão decorrer, na quarta-feira.

Foram as primeiras declarações públicas de Ivone Soares, uma das figuras próximas de Dhlakama, após a morte do líder da RENAMO.

"Peço à sociedade para não continuar a acobardar-se", porque "Dhlakama já não está aqui connosco para endireitar a FRELIMO", acrescentou. Ivone Soares disse que os moçambicanos não podem continuar a ser governados como "escravos" ou "acéfalos".

A líder parlamentar recordou os últimos assuntos tratados com o tio, por telefone, relacionados com o acordo de descentralização do poder negociado entre Afonso Dhlakama e o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi.

Mozambique Government Renamo peace agreement
Afonso DhlakamaFoto: picture-alliance/dpa/A. Silva

"Não sei como vai ser agora. O partido precisa de discutir esta questão em profundidade", referiu. Ivone Soares disse que o tópico que está a "emperrar" as conversações entre RENAMO e FRELIMO é a nomeação dos administradores distritais - que o partido da oposição quer ver nomeados pelos governadores eleitos em cada província, em vez de indicados pelo Governo, a partir de Maputo.

"Precisamos de achar um meio termo", acrescentou, caso contrário, Moçambique pode vir a ter "uma descentralização centralizada", no que classificou como "um doce envenenado".

Além do pacote de descentralização, ficou por anunciar antes da morte de Dhlakama um outro entendimento relativo à desmilitarização, desmobilização e reintegração do braço armado da RENAMO. Um novo acordo para a paz em Moçambique depende dos dois dossiês, conforme foram anunciando Filipe Nyusi e o líder da oposição, nos últimos meses, num tom geralmente otimista sobre o decorrer das negociações.

"Perdi o meu herói”

Mosambik Treffen  Nyusi und Dhlakama in Gorongosa
Presidente Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama, líder da oposiçãoFoto: Presidencia da Republica de Mocambique

"Ele já tinha ultrapassado a dimensão de ser nosso parente. Tornou-se um líder respeitado além-fronteiras", referiu. Ivone Soares disse ainda estar a tentar aceitar a realidade. "Ainda não acredito que o meu tio morreu. Não acredito que ele não vai voltar a telefonar", a partir da Serra da Gorongosa, onde estava refugiado, "e a perguntar o que dizem os jornais aí", na capital moçambicana, Maputo.

 A sobrinha disse ter uma grande cumplicidade com Afonso Dhlakama. "Não sei se houve alguém de quem me sentisse tão próxima", sublinhou.

"Ele disse várias vezes que não ia ser morto pelas balas da FRELIMO", acrescentou Ivone Soares, recordando um desabafo do tio, que admitiu morrer um dia "com uma doença qualquer".

Afonso Dhlakama morreu na quinta-feira pelas 08:00, aos 65 anos, na Serra da Gorongosa, devido a complicações de saúde. O Presidente da República, Filipe Nyusi, referiu à Televisão de Moçambique (TVM) que foram feitas tentativas para o transferir por via aérea para receber assistência médica no estrangeiro, mas sem sucesso.

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