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Jornalista detido em Cabo Delgado

Lusa
6 de janeiro de 2019

Amade Abubacar, da rádio comunitária Nacedje, foi detido pela polícia por alegadamente documentar casos de famílias que abandonam a região devido aos ataques de grupos armados.

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Casas destruídas por grupos armados na aldeia de Mucojo, distrito de Macomia.Foto: Privat

Um jornalista de uma rádio comunitária em Cabo Delgado foi detido por alegadamente fotografar e entrevistar famílias que estão a abandonar aldeias remotas da província, devido aos ataques de grupos desconhecidos na região, disseram hoje à agência de notícias Lusa fontes locais.

Trata-se de Amade Abubacar, jornalista da rádio comunitária Nacedje, detido no sábado (05.01) no terminal dos transportes de passageiros do distrito de Macomia, quando fotografava e entrevistava famílias que abandonavam a região com receio de ataques armados.

Os cinco agentes da polícia apreenderam o telemóvel do jornalista e levaram-no ao comando distrital de Macomia, de onde teria posteriormente sido transferido para um quartel para interrogatório.

A Lusa contactou o porta-voz da Polícia da República de Moçambique em Cabo Delgado, Augusto Guta, que disse que o momento era "inoportuno para comentar sobre o assunto".

Mosambik - Polizeisprecher Augusto Jose Guta in Cabo Delgado
Augusto José Guta, porta-voz da Polícia em Cabo Delgado.Foto: DW

Onda de violência

Em dezembro, o Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA) denunciou a detenção pelo exército moçambicano de três jornalistas estrangeiros e um moçambicano a caminho do distrito de Palma, norte de Moçambique.

Distritos recônditos da província de Cabo Delgado, no extremo nordeste do país, têm sido alvo de ataques de grupos desconhecidos desde outubro de 2017.

A onda de violência naquela zona começou após um ataque armado a postos de polícia de Mocímboa da Praia, em outubro de 2017.

Depois de Mocímboa da Praia, têm ocorrido dezenas de ataques que se suspeita estarem relacionados com o mesmo tipo de grupo, sempre longe do asfalto.

Os ataques têm acontecido fora da zona de implantação da fábrica e outras infraestruturas das empresas petrolíferas que vão explorar gás natural, na península de Afungi, distrito de Palma, na região, e cujas obras avançam com normalidade.

De acordo com números oficiais, cerca de 100 pessoas, entre residentes, supostos agressores e elementos das forças de segurança, morreram desde que a onda de violência começou naquela zona do país.

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