Religiões apelam à paz em Cabo Delgado
2 de janeiro de 2019Cabo Delgado terminou 2018 com novos incidentes violentos. No domingo (30.12), populares da aldeia de Licangano, distrito de Macomia, espancaram gravemente um cidadão, que acusaram de fazer parte do grupo de insurgentes que atacou Chicomo a 25 de dezembro. Um dia antes, no sábado, dois pescadores foram decapitados na região de Monjane, no distrito de Palma, por desconhecidos. A polícia ainda não comentou o sucedido.
Face a este clima de insegurança, o Conselho Cristão de Moçambique (CCM), a Igreja Católica, a Comunidade de Sant'Egídio e as comunidades muçulmana e hindu juntaram-se para exigir o fim dos ataques que fustigam a província de Cabo Delgado.
No primeiro dia do ano, saíram às ruas da cidade de Pemba para apelar para que 2019 seja um ano de paz.
Basta de guerra
"Nós estamos em crise", alertou o representante da comunidade muçulmana, xeique Eduardo Caribe. "Ainda não materializámos esta paz que queremos, de que falamos e cantamos. Precisamos de gente consciente para poder dizer basta à guerra e isto ser materializado."
O bispo da diocese de Pemba, dom Luiz Fernando Lisboa, nega que os ataques que têm ocorrido em algumas regiões de Cabo Delgado tenham ligações a seitas religiosas.
"Aqui, em Cabo Delgado, não há guerra entre as religiões. Nós estamos sempre unidos, buscando a justiça social, buscando o bem da população", afirmou.
Eleições gerais
2019 é um ano particularmente importante para Moçambique, devido à realização de eleições gerais, agendadas para 15 de outubro. Por isso mesmo, os manifestantes pediram, na terça-feira, "bom senso" às instituições que lidam com o processo.
Se o país pretende uma verdadeira paz, é necessário que a sociedade una esforços para que situações que marcaram negativamente as eleições autárquicas de 2018 sejam evitadas, advertiu o representante do Conselho Cristão de Moçambique em Cabo Delgado, Emerson Ubisse.
"Essas eleições vão ser muito concorridas, e isso pode levantar bastantes ânimos", disse Ubisse. "Temos que ter aprendido alguma coisa das eleições autárquicas, no ano passado, senão vamos reproduzir aquelas práticas de violência, tudo o que marcou negativamente as eleições."