Opositores da Guiné Equatorial já têm data para o julgamento
10 de fevereiro de 2018"145 deles estão detidos na cadeia de Evinayong. Será também julgada Maria Jesus Mene Bopabote, secretária-geral deste partido, que permanece em liberdade", lê-se no portal de notícias equato-guineense Asodeque.
Contactado pela agência de notícias espanhola EFE em Malabo, o líder do Cidadãos para a Inovação (CI), Gabriel Nsé Obiang Obono, considerou tratar-se de um "julgamento político" com "mil irregularidades", em que se acusam militantes do partido de provocarem distúrbios durante a campanha eleitoral das eleições gerais de 12 de novembro de 2017.
"Quem deve ser perseguido é o Governo, porque impediu um partido de fazer campanha eleitoral", denunciou Nsé Obiang, que acusa o regime do Presidente Teodoro Obiang Nguema de "prender indiscriminadamente" elementos da oposição, "para a perseguir e destruir".
Maioria dos membros da direção do partido presa
O líder do CI referiu que 70% da direção executiva do partido está presa, entre eles o segundo vice-secretário-geral, Bonifácio Nguema Neong, detido sem ordem judicial e sem qualquer acusação há uma semana.
A tensão política subiu de tom na Guiné Equatorial em fins de dezembro último, consequência de um suposto golpe de Estado, anunciado pelo Governo de Obiang Nguema, que preside o país desde 1979, quando derrubou, num golpe militar, o então chefe de Estado Francisco Macias, seu tio.
Em fins de dezembro, o ministro da Segurança Nacional equato-guineense, Nicolás Obama Nchama, afirmou que um grupo de mercenários oriundos do Chade, República Centro-Africana e Sudão, entraram no país a 24 desse mês através das localidades de Kie Osi, Ebebiyin, Mongomo, Bata e Malabo (a capital) com o objetivo de atacar o chefe de Estado.
Sem água e sem comida
Ao mesmo tempo, a oposição denunciou que os militares os mantiveram retidos durante dias nas sedes nacional e provinciais da CI, privando-os de água e de comida, tendo, então, prendido cerca de duas centenas de apoiantes, número negado pelo Governo, que argumentou ter detido apenas uma dezena, alegadamente envolvida em distúrbios durante a campanha.
A 15 de janeiro, a mesma oposição denunciou a morte de um dos seus militantes, Santiago Ebe Ela, quando se encontrava sob custódia policial na prisão do Comissariado Central da Polícia de Malabo.
Nas eleições gerais de novembro último, a oposição conquistou apenas um dos 100 assentos da Câmara de Deputados, com os restantes 99 a serem conquistados pelo Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), de Obiang Nguema.