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"Juntos contamos para Angola": Censo geral 2024 já arrancou

José Adalberto
19 de setembro de 2024

Mais de 90 mil técnicos foram mobilizados para garantir o êxito do Recenseamento Geral da População e Habitação. Em algumas comunidades do interior de Angola há um certo ceticismo, devido à crise socioeconómica.

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Recenseamento Geral da População irá decorrer durante 30 dias nas 18 províncias de AngolaFoto: DW

Sob o lema "Juntos contamos para Angola", arrancou às 00:00 desta quinta-feira (19.09) o Recenseamento Geral da População e da Habitação 2024, o segundo censo pós-independência do país.

O estudo de abrangência nacional visa recolher dados socioeconómicos sobre a população do país. As informações formarão uma base de dados para o planeamento, gestão e tomada de decisões políticas.

Do coordenador da Comissão Multissetorial de Apoio à Realização do censo, Francisco Furtado, chega a garantia do fim dos constrangimentos financeiros e a criação das condições necessárias para o censo 2024.

"São questões que estão ultrapassadas, porque, inclusive, face a esta e outras situações que se registaram, houve a necessidade de se solicitar o reforço do orçamento do INE", garante.

Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que mais de 90 técnicos foram recrutados para garantir o sucesso da campanha.

Evitar repetição de constrangimentos

Para Pedro Afonso, presidente da comissão de moradores do Distrito Urbano da Camama, é preciso evitar que se repitam os constrangimentos criados em 2014, que deixou de fora alguns agregados, pelo facto de alguns recenseadores desconhecerem as zonas onde foram indicados para trabalhar.

"Muitas vezes, as pessoas que intervinham em algumas áreas não tinham o domínio das próprias áreas e, praticamente, isso fez com que se fizesse um  censo aleatório", recorda.

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O porta-voz da Comissão Interministerial para o Recenseamento Geral da População e da Habitação, Hernani Luís, diz que o INE aprendeu a lição do passado. Para este ano, a comissão deu uma atenção especial aos jovens residentes nas zonas do censo e àqueles que têm domínio das línguas nacionais na escolha dos técnicos recrutados.

"Vamos querer que as pessoas que trabalham conosco sejam pessoas das localidades, conheçam os becos, conheçam as ruas, o caminho para pular a vala", diz Luís.

Primeiro censo realizado há 10 anos

No primeiro Censo Geral da População e Habitação, realizado em 2014, foram identificados 25.789.024 habitantes, dos quais 63% residiam na zona urbana e 37% na área rural.

Na altura, a população angolana era constituída, maioritariamente, por mulheres, 13.289.983, correspondente a 52% do total, enquanto a masculina é de 12.499.041, representando 48%.

A província de Luanda é a mais populosa, com 6.945.386 habitantes, representando mais de um quarto da população do país.

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A poucas horas do arranque do censo, as autoridades desdobravam-se para assegurar as condições logísticas, mas também para esclarecer os critérios de contagem, como é o caso, por exemplo, de pais com duas famílias.

"Do ponto de vista de população, contagem de população, número de pessoas, não podemos fazer uma dupla contagem. Ou seja, se ele for contado como população num agregado, não deverá ser contado como população no outro agregado, diz José Calengi.

O diretor-geral do INE esclarece igualmente que não serão recenseados cidadãos ausentes do país por um período superior a seis meses.

Desalento entre as comunidades

O INE diz estar preocupado com a resistência das populações, mas acredita na qualidade dos recenseadores e na estratégia de comunicação para remover os céticos.

O sociólogo Pio Wacussanga defende que o desalento das comunidades deve-se, em parte, à falta de resultados das políticas públicas, na última década.

"Se o censo é feito para ajudar a distribuir melhor o que há, mas, infelizmente, esta distribuição não ocorre - e, pelo contrário, os problemas sociais agravam-se - então, infelizmente, será mais para constar do que para resolver os problemas.'

O Recenseamento Geral da População e da Habitação de Angola terá a duração de 30 dias e promete abranger as 18 províncias, 164 municípios, 518 comunas e 44 distritos urbanos.