Líderes africanos em Berlim à procura de mais investimento
19 de novembro de 2019Foi Merkel que lançou a iniciativa "Compact with Africa" em 2017, sob a presidência alemã do G20, com a promessa de gerar mais investimento privado nos países africanos. Mas o projeto acabou por não ter os resultados esperados.
O investimento estrangeiro nos 12 países africanos que fazem parte da iniciativa não aumentou de forma significativa. Segundo Robert Kappel – que é o autor de um estudo ao projeto encomendado pela Fundação Friedrich Ebert – em dois anos registaram-se melhorias nos ambientes de negócio.
"Os investimentos não aumentaram nos países do projeto. O que se conseguiu foi melhorar o ambiente de investimento nos países africanos, que cumpriram a sua missão", explica Ebert, acrescentando, "no entanto", que os países "estão um pouco desapontados com o investimento direto que não flui como esperado".
Segundo o estudo, a criação de empregos prevista por África acabou por não se concretizar, como comenta a embaixadora da Etiópia na Alemanha, Mulu Solomon Bezuneh: "O progresso é bom. Nestes dois anos houve investimentos. O programa é razoável, mas comparado com as expectativas e compromissos, achamos que não é suficiente".
Investimento alemão
De 2017 a 2018, o investimento alemão em África cresceu apenas 19 milhões, sendo que 80% desse dinheiro foi direto para 4 países: Egito, Marrocos, Etiópia e Gana. Agora, o Ministério do Desenvolvimento da Alemanha pretende assinar mais três parcerias com Marrocos, Senegal e Etiópia à margem da cimeira em Berlim.
Além disso, na segunda-feira (18.11), o Governo alemão apresentou sete novos projetos de cunho digital em África. No total, o Ministério do Desenvolvimento está a investir quase 270 milhões de euros em mais de 200 projetos digitais
Entretanto, apenas 800 empresas com capital alemão estão ativas em todo o continente africano. Segundo um estudo do Instituto Allensbach, apenas 5% de todas as outras empresas alemãs preveem fazer negócios com África no futuro.
Para Rob Floyd, do Centro Africano de Transformação Económica, ainda há um longo caminho a percorrer e que "que se pode fazer mais". Para Floyd, os países africanos podem ser mais eficazes na captação de investimento para os seus próprios projetos, e "os países do G20 precisam de ser mais ativos na promoção do investimento das suas empresas em África".