Líderes sindicais são detidos em Bissau
22 de outubro de 2021Yoio João Correia, presidente do Sindicato Nacional dos Enfermeiros, Técnicos de Saúde e Afins (SINETSA) e o seu vice, João Domingos da Silva, foram detidos esta sexta-feira à tarde (22.10) em Bissau.
O Ministério Público acusa-os de crime de "omissão de auxílio", alegadamente por terem apelado aos seus associados para não prestarem os serviços mínimos nos hospitais devido à greve geral que assola o país, disse Fodé Mané, um dos seus advogados, em declarações à DW África.
"Eles foram detidos apenas pelo facto de serem sindicalistas", afirmou Mané.
"Alegaram que, no dia 20, nenhum funcionário de saúde a nível nacional foi ao serviço, mas eles provaram que estavam à espera do Governo para negociar os serviços mínimos", continuou o advogado.
Como o Governo disse que "não se ia sentar com os sindicatos para negociar serviços mínimos, todos os trabalhadores de saúde acharam que as reivindicações dos sindicatos eram justas e aderiram a 100%. Só depois é que o próprio sindicato apelou a algumas pessoas para aderirem. É só isso. Não há um facto direto que tenham cometido, é só pelo facto de serem dirigentes sindicais", reforçou.
"Não estamos num Estado de Direito"
Técnicos de saúde e enfermeiros protestaram contra as detenções junto às instalações da Polícia Judiciária, em Bissau, mas foram dispersos pelas forças de segurança com recurso a gás lacrimogéneo.
Fodé Mané diz que o crime de que os líderes sindicais são acusados nem sequer prevê prisão preventiva.
O advogado diz que esta sexta-feira já não conseguiu requerer a libertação de Yoio João Correia e João Domingos da Silva.
"Fecharam a secretaria dos tribunais e não há juiz de turno. Estamos a gerir a situação até segunda-feira, para dar entrada a uma ação pela detenção ilegal, uma queixa-crime contra o próprio delegado e para a inspeção do Ministério Público. Sabemos que não vai avançar, porque o que está a acontecer comprova que não estamos num Estado de Direito", disse.
Os técnicos de saúde reivindicam o pagamento de salários em atraso, melhores condições de trabalho e a sua integração no Estatuto da Carreira Médica.