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Angola: Maioria dos eleitores em Luanda "votou e bazou"

Borralho Ndomba
24 de agosto de 2022

Vários eleitores "votaram e sentaram" junto a algumas assembleias de voto, para controlar os seus boletins, tal como tinha pedido a oposição angolana. Mas grande parte dos eleitores "votou e bazou" das assembleias.

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Grupo de jovens incentivou cidadãos a fiscalizar o voto junto das assembleias
Grupo de jovens incentivou cidadãos a fiscalizar o voto junto das assembleiasFoto: Borralho Ndomba

Os angolanos foram votar tranquilamente pela quinta vez. Nestas eleições, tidas como as mais renhidas na história do país, o maior partido da oposição, a União Nacional para a Independência de Angola (UNITA), pediu aos eleitores para "votarem e sentarem", para controlarem os boletins e denunciarem possíveis irregularidades.

Manuel Ricardo foi um dos eleitores que "votou e sentou", no bairro 25 de Agosto, em Luanda. Ainda estava na fila de votação e já gritava "votou, sentou". E "é melhor porque a gente deve controlar bem o nosso voto para não bazar para outro lugar", justifica.

A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) condenou a iniciativa. Mas o eleitor José Manzambi não acredita no discurso do presidente da CNE de que as eleições serão justas.

Manzambi suspeita que esta seja a votação mais fraudulenta de sempre no país: "Da maneira que estamos a ver a população, todos aqui no bairro só estão a votar no três. É só o número três que está na moda".

O três era o número da UNITA no boletim de voto. O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o partido no poder, tinha o número 8.

Eleições em Angola: "Votou, sentou" ou "votou e bazou"?

"Votou, sentou" vs. "votou, bazou"

Há um outro apelo que visa desencorajar a campanha "votou, sentou". Trata-se do "votou, bazou". O presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Manuel Fernandes, alinha neste movimento. "A campanha correu bem, foi uma verdadeira festa da democracia", sublinhou.

Em Luanda, muitos eleitores votaram e bazaram. Mas trajado de branco e bandeirolas da mesma cor, um grupo de jovens incentivava outros cidadãos a fiscalizar o voto junto das assembleias.

Daniel Cristina prometeu que a campanha não iria causar confusão. "Os jovens que aderiram a esta campanha "votou, sentou" são jovens democráticos, não são vândalos, são, na sua maioria, jovens formados que não têm tido muitas oportunidades, e quando acham que a oportunidade será esta de escolher um outro líder ou partido para governar Angola, também não lhes dão esta oportunidade. Agora queremos que estas eleições sejam livres como está ser agora e a campanha "votou, sentou" não vai trazer distúrbios."

Eleições: "Não consigo encontrar a minha mesa de voto"

Eleitores "perdidos"

Vários eleitores angolanos terão ficado sem votar porque foram deslocalizados das suas assembleias de voto. Na via pública, via-se muitas pessoas a andarem de um lado para o outro, à procura do local da votação.

Zacarias Samuel vive no Kilamba Kiaxi, município onde atualizou o registo eleitoral. Foi a vários sítios, seguindo as indicações da CNE, mas não encontrou a mesa de voto.

A partir do Cazenga, onde falou com a DW África, disse que não iria desistir até encontrar o seu local de voto: "Preciso exercer o meu direito de voto. Não vou sair daqui sem votar. Já gastei os meus recursos procurando pela minha assembleia."

A UNITA e CASA-CE também denunciaram a deslocalização de eleitores.