Malária, diarreias e fome afetam vítimas das cheias
24 de fevereiro de 2015O centro de reassentamento de Naverrua fica a cerca de dez quilómetros do extremo norte da cidade de Mocuba. Aqui, homens, mulheres viúvas e crianças órfãs queixam-se de sofrer constantemente de doenças como a malária e diarreias agudas. Muitas famílias afirmam que não têm água própria para consumo nem para cozinhar.
"As crianças têm malária por causa dos mosquitos. Também passamos fome e não temos machambas", conta Hilária Raima, que procurou refúgio no centro de Naverrua por causa das cheias.
"Não nos deram redes mosquiteiras. Há muita malária e cólera também”, confirma Netório Nunes, outro reassentado.
Rita Francisco, outra vítima das cheias, acusa o Governo moçambicano de não ter cumprido a promessa feita no ano passado de construir uma casa convencional.
A viúva, que está alojada numa tenda com sete crianças órfãs, queixa-se da "situação extremamente difícil" em que vive. Todas as sextas-feiras, conta, pede esmola pelas ruas de Mocuba, para conseguir "comprar farinha para dar de comer às crianças".
As pouco mais de 200 famílias abrigadas no centro de reassentamento de Naverrua pedem ao Governo mais apoio, comida e assistência médica.
O centro e o norte de Moçambique foram atingidos, desde 12 de janeiro, por violentas cheias, que provocaram pelo menos 159 mortos e afetaram 170 mil pessoas, sobretudo na província da Zambézia.
Nyusi visita regiões atingidas
A partir de quarta-feira (25.02), o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, inicia uma visita de dois dias às províncias da Zambézia, Nampula e Niassa, as mais atingidas pelas cheias.
O objetivo desta deslocação é "saudar as vítimas das calamidades naturais, receber uma breve explicação sobre os bairros de reassentamentos, bem como o funcionamento das tendas de centros de saúde naqueles bairros", lê-se num comunicado da presidência moçambicana.
Na Zambézia, o chefe de Estado moçambicano visita Maganja da Costa e Mocuba, o local onde desabou parcialmente a ponte sobre o rio Licungo, que deixou intransitável a Estrada Nacional Número 1, a única que liga o sul e o centro ao norte de Moçambique. Entretanto, as autoridades já conseguiram repor a circulação na N1. Em Nampula, Filipe Nyusi estará no distrito de Nacala Porto e em Niassa é esperado em Cuamba.
O Presidente viaja acompanhado pela ministra da Administração Estatal, Carmelita Namashalua, que tutela o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, e pelos vice-ministros da Saúde, Mouzinho Saíde, e das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, João Osvaldo Moisés Machatine.