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Mali: Militares prometem transferir o poder aos civis

com agências
6 de setembro de 2020

Nas negociações, a junta militar no poder desde o golpe que destituiu Ibrahim Boubacar Keita se comprometeu a entregar a governação aos civis. O ex-Presidente viajou aos Emirados Árabes Unidos para tratamento médico.

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Ibrahim Boubacar Keita, ex-Presidente do Mali
Ibrahim Boubacar Keita, ex-Presidente do Mali, foi deposto a 18 de agosto Foto: AFP/L. Marin

Desde sábado (05.09), tem lugar no Mali a conferência nacional sobre a organização do governo de transição no Mali com a presença de delegados regionais e da diáspora para discutir o futuro do país. Os militares se comprometeram a transferir o poder aos civis, mas a França e países vizinhos estão a pressionar a junta militar a fazer uma transição mais ágil. 

Um dos principais pontos das negociações é a duração da transição para o governo civil. A junta militar propôs, originalmente, uma transição de três anos, mas o Movimento 5 de Junho, que liderou os protestos contra o ex-Presidente, exige um período de transição de 18 a 24 meses.

Por sua vez, os 15 Estados da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que impuseram sações e fecharam as fronteiras com o Mali, pressionam a junta militar a convocar eleições num prazo de 12 meses. 

O ex-Presidente Ibrahim Boubacar Keita foi deposto por um grupo de oficiais em 18 de agosto, depois de sete anos no poder no Mali e meses de contestação da sua governação. Os protestos populares visavam a incapacidade do Governo de dar resposta à insurreição jihadista e e ao declínio acelerado da economia. Após o golpe militar, o ex-chefe de Estado esteve detido até 27 de agosto, quando foi autorizado a regressar a casa pela junta.

Tratamento médico

Este sábado, Ibrahim Boubacar Keita viajou para os Emirados Árabes Unidos num voo especial para tratamento médico, devido ao pequeno AVC que sofreu na terça-feira passada (02.09). Durante a semana, ficou internado numa clínica de Bamako.

"De facto, assumimos compromissos. O Presidente IBK [designação do ex-Presidente] não fugiu do Mali. Ele está a ser tratado. Ele próprio disse que estará à disposição de seu país caso seja necessário", disse uma fonte próxima da CEDEAO e da junta militar à agência de notícias francesa AFP. "Respeitamos os nossos compromissos com a saída do IBK. É para fins humanitários", acrescentou.

Na quinta-feira (03.09), Ibrahim Boubacar Keita recebeu a visita do coronel Assimi Goïta, líder da junta militar que tomou o poder. Os opositores de Keita concordaram que fosse evacuado para tratamento médico fora do Mali. "A Missão da ONU no Mali [MINUSMA] também participou das negociações para a sua saída", referiu a fonte.

Este domingo (06.09), a CEDEAO defendeu o regresso ao Mali de Ibrahim Boubacar Keita caso a justiça e segurança do país venham a precisar do ex-chefe de Estado. Os 15 Estados da CEDEAO "assumiram compromissos por escrito para que IBK apareça se a justiça precisar dele", referiu a mesma fonte. 

O diálogo nacional para a transição de poder no Mali vai ser retomado entre os dias 10 e 12 de setembro. Esta segunda-feira (07.09), a CEDEAO vai reunir os seus líderes por videoconferência, com a situação do Mali no topo da sua agenda.

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