Malária em Moçambique: Casos tendem a aumentar em Manica
7 de novembro de 2020As autoridades de saúde na província de Manica temem que o número de casos de malária suba este ano em relação aos anos anteriores. Só nos primeiros seis meses de 2020 já foram diagnosticados 350 mil casos de malária. É quase o total de casos em 2018 (400 mil casos) e cerca de dois terços dos casos registados no ano passado (ao todo, 500 mil). E o ano ainda não terminou.
Ana Maria Manecas, da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), uma organização não-governamental, afirma que "os casos estão a subir".
"A província de Manica teve vários constrangimentos, durante o ano passado e este. Tivemos a questão do ciclone Idai, que dizimou muitas famílias e deixou muitas delas sem redes mosquiteiras, sendo um dos motivos que causou o aumento de casos de malária", explica a coordenadora do programa para o controlo da malária da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade.
Apelo à prevenção
Manecas apela ao uso correto das redes mosquiteiras tratadas com inseticidas e à eliminação de águas estagnadas em potes, pneus, charcos e capim em volta do quintal.
A coordenadora diz ainda que a fundação tem estado a desenvolver trabalhos de sensibilização das comunidades e a formar professores. O objetivo é que estes grupos façam chegar às zonas mais recônditas a mensagem sobre a prevenção da malária, sinais e sintomas.
Um sinal positivo, segundo o diretor provincial da saúde em Manica, é que há mais pessoas a procurar ajuda médica em caso de malária. Isso tem ajudado a salvar vidas, afirma Firmino Vidade Jaqueta: "Os números de casos da malária continuam a aumentar e o número de óbitos está a descer, porque as pessoas têm o conhecimento".
Segundo o diretor provincial da saúde em Manica, "em 2017 tínhamos 57 óbitos, diminuímos para 42 no ano seguinte e neste momento estamos na ordem dos 30 casos, porque as pessoas têm mais conhecimentos e vão muito rapidamente às unidades sanitárias".
Desafios do combate à malária
No entanto, Ana Maria Manecas, da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade, afirma que ainda há desafios estruturais no combate à malária, que não podem ser esquecidos.
"A situação geográfica da província também contribui, porque existem muitas florestas que estão sendo devastadas pelas empresas que estão a explorar os minérios e que deixam buracos que o mosquito aproveita para se multiplicar. Também temos o saneamento do meio que ainda é um desafio. Então, isso tudo precisa de um grande apoio para que este mal não venha a crescer", explica.
As autoridades sanitárias, juntamente com os parceiros de cooperação, estão a preparar a distribuição de redes mosquiteiras tratadas com inseticidas a partir de 15 de novembro, visando a prevenção da doença no país.