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MDM acusa STAE de sabotar recenseamento em Quelimane

4 de maio de 2018

O Movimento Democrático de Moçambique em Quelimane, na Zambézia, diz que o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral está a tentar impedir o recenseamento em massa em bairros onde o partido tem mais popularidade.

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Agentes contratados pelo STAE para mobilizar população para o recenseamento eleitoralFoto: DW/M. Mueia

O delegado da cidade de Quelimane pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Listano Evaristo, acusa o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) de agir de forma intencional para impedir o recenseamento da população que vive nos bairros periféricos, como Icidhua e Sangarriveira, para não votar nas eleições autárquicas que vão decorrer em Outubro.

Em entrevista à DW África, Evaristo diz que em Icidhua, um dos bairros mais populosos de Quelimane, "está um recenseador que, por dia, não consegue recensear 30 pessoas". O bairro, acrescenta, "tem dez mil habitantes e o STAE recenseou 2 mil".

O MDM, na voz do delegado, mostra-se preocupado com a situação:  "Sabemos porque é que isto está a acontecer. Icidhua é um bairro onde o MDM está ‘sentado', por isso, o STAE mandou lá um agente preguiçoso que está a negligenciar o processo para não recensear muitas pessoas".

MDM aponta várias irregularidades

Desde que começou o recenseamento, em março, têm surgido várias críticas ao STAE por parte dos partidos políticos envolvidos na corrida eleitoral.

Listano Evaristo
Listano EvaristoFoto: DW/M. Mueia

Além de avarias constantes nas máquinas e fraco domínio dos equipamentos informáticos pelos recenseadores, o MDM queixa-se ainda da chegada de membros de outras formações partidárias, oriundos de distritos não autárquicos, para se recensearem em Quelimane como se fossem residentes na região.

A denúncia de um dos casos chegou por telefone, de Namacurra. E na manhã de quinta-feira (03.05) o delegado do MDM presenciou uma situação semelhante: "Às 4 horas da manhã chegou um carro vermelho com muitos jovens que disseram ‘estamos a sair de Namacata, viemos recensear-nos'", conta Listano Evaristo.

STAE rejeita acusações e polícia pede vigilância

O diretor do STAE na cidade de Quelimane, Ismael Rodrigues, diz que o discurso do delegado Listano Evaristo é uma falácia.

"Os partidos políticos estão livres de dizerem o que quiserem, nós estamos a trabalhar. Havia um problema de habilitação do nosso pessoal nos primeiros dias, mas agora estão habilitados", garante.

MDM acusa STAE de sabotar recenseamento em Quelimane

Miguel Caetano, porta-voz da polícia, pede vigilância aos partidos políticos. Segundo o agente, cerca de 50 indivíduos foram levados à esquadra, porque teriam sido confundidos com simpatizantes da FRELIMO que vinham do distrito de Namacurra para se recensearem na Cidade de Quelimane.

"A polícia tomou conhecimento de que existiam pessoas que estavam próximo da escola de Sinacurra e alguns partidos pensaram que os indivíduos queriam recensear-se", explica. "Mandou-se um contingente ao local, com vista a recolher os indivíduos para uma triagem, e após a triagem percebeu-se que a informação não era verdadeira. Segundo os documentos de identidade, todos os indivíduos eram residentes dos bairros periféricos de Quelimane", conclui.

Ainda assim, o MDM insiste que há muitos casos de recenseamento clandestino de residentes de outros distritos.

Recenseamento em causa?

Para o académico Ricardo Raboco, o ambiente eleitoral que se vive em Quelimane não é saudável. "Os partidos devem ter capacidade suficiente para a fiscalização do processo e não deve haver dificuldades de interpretação da legislação eleitoral", sublinha.

A falta de transparência sobre "a viciação dos resultados", acrescenta, "decorre do facto de haver défice de fiscalização".

Entretanto, o director do STAE, Ismael Rodrigues, tem dúvidas quanto ao alcance da meta definida para o recenseamento em Quelimane, uma vez que se aproxima a data limite: "A nossa meta é recensear 316.800 eleitores ate ao fim do processo e até agora recenseámos 134.800 eleitores".

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