MDM vai tentar reconquistar Nampula nas autárquicas
20 de junho de 2018As eleições autárquicas de 10 de outubro já estão a movimentar os partidos políticos. O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) está a correr "contra o relógio" e até ao momento foi o único partido que apresentou o seu cabeça de lista em Nampula.
O escolhido é Fernando Bismarque, porta-voz da bancada parlamentar do MDM na Assembleia da República e antigo jornalista no maior grupo de media privado do país (STV). "Em outubro saíremos vencedores e resgataremos a nossa cidade", acredita o cabeça de lista do partido no município de Nampula, onde perdeu nas eleições intercalares de janeiro a favor da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).
"Nos últimos 40 anos, a cidade esteve abandonada e o MDM em três anos mostrou que é possível alterar o estado de coisas e eu quero alterar muito mais requalificando os bairros, criando mais condições para que haja mais água, luz, seja uma cidade limpa e com mais emprego", promete Bismarque.
Candidatos impostos ou eleitos?
A eleição interna está a acontecer um pouco por todo o país, mas há quem diga que as pessoas são previamente escolhidas, o que levou o deputado Venâncio Mondlane a recusar recentemente a sugestão da sua candidatura.
A direção do partido afirma que os cabeça de lista não são impostos, mas sim eleitos. "Sempre, por onde passamos, houve sufrágio e não indicação. Quer dizer que o partido ao mais ato nível não tem a prerrogativa de indicar alguém, é a voz do povo que conta e porque é a população que tem de votar, essa é a nossa política [interna]", explica em declarações à DW África Casimiro Da Cruz Pedro, presidente da mesa do Conselho Nacional do MDM.
Académicos e analistas entendem que não será fácil para o MDM resgatar Nampula, por um lado, devido à crise interna que o partido enfrenta e, por outro, pelo facto do partido estar a "divorciar-se" cada vez mais dos munícipes, principalmente depois do assassinato do antigo autarca Mahamudo Amurane.
O diretor-editorial do Jornal Ikweli, Aunício da Silva, alerta que o partido deve trabalhar para tentar a sua sorte. "Vamos torcer para que tragam um melhor projeto de governação e consigam convencer o público de Nampula, mas que estão divorciados com os eleitores de Nampula isso é verdade", afirma.
FRELIMO e RENAMO ainda sem candidatos
O porta-voz da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Caifadine Manasse, diz que o partido vai apresentar oportunamente os nomes dos candidatos, estando já a decorrer os trabalhos para o efeito.
Caifadine Manasse não descarta a possibilidade de eleição de Amisse Cololo, candidato derrotado nas eleições intercalares, mas diz que isso dependerá da vontade das bases. "O que nós queremos é que as bases indiquem um candidato que tenha os requisitos que aparecem na diretiva de eleições internas", diz. Neste momento, acrescenta, "a FRELIMO está num processo de divulgação da diretiva nas províncias e vai até aos municípios fazer esse trabalho e aí começa o processo de se identificar quem são os candidatos, através da eleição de vários candidatos".
Também a RENAMO não apresentou ainda o nome para liderar a sua candidatura em Nampula. O mandatário nacional do partido, André Magibiri, promete apresentar os candidatos dentro dos prazos estabelecidos pelo calendário eleitoral. "A breve trecho apresentaremos os candidatos. Vamos realizar conferências provinciais para eleição dos candidatos a membros das assembleias municipais assim como cabeças de lista", disse.
As inscrições de partidos políticos, coligações e grupo interessados em concorrer às eleições municipais de 10 de outubro em Moçambique arrancaram na última sexta-feira (15.06) e prolongam-se até 26 de junho.