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Milhares protestam contra "ingerência estrangeira" no Mali

AFP
23 de setembro de 2021

Governo militar maliano enfrenta pressão internacional contra a contratação da empresa russa de segurança privada Wagner. Mercenários seriam destacados para combater jihadistas numa insurreição que já dura quase 10 anos.

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Mali Demonstration für die Putschisten
Apoio à Rússia em protesto em 2020Foto: DW/P. Lorgerie

Milhares de pessoas manifestaram-se na capital do Mali esta quarta-feira (22.09), segundo jornalistas da agência AFP, apoiando o Governo militar contra a ingerência estrangeira na região do Sahel.

O protesto acontece quando o coronel Assimi Goita enfrenta pressão internacional crescente para renunciar a um possível acordo com a empresa russa de segurança privada Wagner.

A França tem milhares de militares no Mali e posicionou-se contra a contratação dos quase mil paramilitares da Wagner, segundo informações divulgadas este mês.

A ministra da Defesa da França, Florence Parly, disse que o seu Governo "não poderá coabitar com mercenários". A Alemanha, que também tem militares disse que iria reconsiderar a sua colaboração caso o Mali chegasse a um acordo com a Wagner.

Na quarta-feira, o ministro da Defesa da Estónia, Kalle Laanet, disse à rádio estatal do país que se o Mali chegasse a um acordo com Wagner, o contingente estónio de 100 soldados deixaria o país.

Mali | Amtseinführung Interimspräsident Assimi Goita
Governo militar chefiado pelo coronel Goita está pressionadoFoto: Annie Risemberg/AFP/Getty Images

Apoio à Rússia

Segundo a agência de notícias, manifestantes agitaram bandeiras malianas e russas e carregaram cartazes pró-militares. Siriki Kouyate, porta-voz do grupo que organizou o protesto, disse que a intervenção militar francesa no Mali tinha falhado. "Isto não pode continuar", acrescentou ele.

O Mali tem lutado para reprimir uma brutal insurreição jihadista que surgiu pela primeira vez em 2012, mas que desde então se estendeu ao vizinho Burkina Faso e ao Níger.

A França interveio no Mali em 2013 e deu uma reviravolta num avanço jihadista, mas o conflito cresceu apesar da presença de tropas francesas.

Mali Frankreich beendet die Operation „Barkhane“
Forças francesas poderão retirar-seFoto: AP Photo/picture alliance

Apelo por "melhor leitura"

O envolvimento militar francês levou a protestos periódicos no Mali, e é frequentemente criticado nos meios de comunicação social.  O protesto de quarta-feira também surge no meio de crescentes preocupações entre os parceiros do Mali de que o Governo não irá conseguir realizar eleições no início do próximo ano.

A Goita derrubou o presidente Ibrahim Boubacar Keita no ano passado, e encenou um segundo golpe contra um governo interino em maio. Embora ele tenha prometido manter o prazo de fevereiro de 2022 para as eleições fixado pelo governo interino, poucos preparativos foram feitos.

No início deste mês, centenas de pessoas protestaram também em Bamako após a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental com 15 nações ter dito que o prazo eleitoral era "não negociável". Num discurso na terça-feira à noite, Goita apelou aos parceiros internacionais do Mali para adoptarem "uma melhor leitura da situação" no país.

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