Militantes do MADEM-G15 exigem congresso extraordinário
12 de agosto de 2024O antigo ministro da Defesa guineense Sandji Fati acusa o coordenador do MADEM, Braima Camará, que se encontra em Portugal há mais de três meses, de violação aos estatutos e de fomentar o culto de personalidade no partido.
O antigo governante, atualmente conselheiro de Defesa e Segurança do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, e dois outros dirigentes do MADEM, promoveram hoje uma conferência de imprensa onde teceram duras críticas à liderança de Braima Camará.
"A concentração do poder no coordenador do MADEM tem de acabar, o culto de personalidade no partido deve cessar. No diagnóstico feito, chegamos à conclusão de que há problema no partido", enfatizou Sandji Fati.
Nos últimos tempos, Fati tem liderado uma ala do MADEM-G15 que se posicionou contra Braima Camará a partir do momento que este assumiu publicamente que não irá apoiar Sissoco Embaló para um segundo mandato presidencial.
Camará tem afirmado que não apoia Embaló, acusando-o de ser um ditador e de não respeitar a Constituição guinenese.
Embaló foi um dos cofundadores do MADEM-G15, em 2018, do qual foi vice-coordenador até à sua chegada à presidência guineense, em 2020.
Congresso extraordinário no sábado
Na mesma conferência de imprensa, José Carlos Macedo Monteiro, atual secretário de Estado da Ordem Pública, um fervoroso apoiante de Sissoco Embaló, afirmou que existem "todas as condições para realizar o congresso extraordinário no sábado".
Monteiro Macedo observou que o primeiro congresso extraordinário do MADEM será convocado à luz do número 1 do artigo 18.º, que permite que tal aconteça a partir de uma subscrição de mais de mil militantes.
"Neste momento, já vamos em mais de três mil subscrições", afirmou Monteiro.
Este dirigente do MADEM acusa Braima Camará de "abuso do poder", de "graves violações estatutárias" e de estar contra Umaro Sissoco Embaló "a partir do momento que viu que não o poderia controlar".
"O que Umaro Sissoco Embaló fez para o MADEM merece um grande obrigado de todos nós do MADEM", sublinhou José Carlos Monteiro Macedo.
O dirigente defendeu que o congresso extraordinário "vai ter lugar" por ter sido validado pela vice-coordenadora e substituta de Braima Camará, Satu Camará.
Regresso de Braima Camará a Bissau?
Num vídeo posto a circular nas redes sociais do MADEM, Braima Camará surge a afirmar que vai regressar a Bissau nos próximos dias para "colocar cada militante no seu respetivo lugar".
Camará admite convocar os órgãos do partido e avaliar se há ou não a necessidade de um congresso extraordinário.
Sandji Fati e José Carlos Monteiro estão, atualmente, suspensos das atividades do MADEM, durante dois anos, por deliberação do conselho de jurisdição do partido.
Os dois dirigentes recusam-se a acatar a medida que dizem ter sido tomada por Braima Camará, em "desrespeito estatutário".
O MADEM é, atualmente, a segunda força política na Guiné-Bissau, com 29 dos 102 deputados no parlamento dissolvido.