Ministro da Indústria de Moçambique quer impulsionar negócios
12 de setembro de 2011Durante o encontro, empresários e autoridades alemãs elogiaram o fato de Moçambique querer investir nas pequenas e médias empresas, que ainda não estariam participando efetivamente da economia. De acordo com empresários e autoridades europeias, falta de infra-estruturas é um dos maiores problemas para o desenvolvimento do país.
Deutsche Welle: Como é que o setor mineiro pode ajudar no desenvolvimento de Moçambique?
Armando Inroga: Nós acreditamos que, nos próximos anos, o carvão venha a tornar-se um fator dinamizador do desenvolvimento econômico de Moçambique, não só pela sua exportação como matéria-prima bruta, mas igualmente porque acreditamos que o carvão vai ser fator de produção para a produção nacional, para a redução dos custos da produção nacional nos próximos anos. Isso quer dizer que, por um lado, vai empregar um número significativo de pessoas que vai trabalhar diretamente no setor do carvão e vai permitir o desenvolvimento de toda uma indústria de proteção ambiental; vai desenvolver uma estrutura de logística ferroviária, de portos, para dar acesso do carvão ao mar para exportação e isso tudo vai permitir dinamizar a estrutura da economia na região central de Moçambique, que é uma região, na qual o nível de desenvolvimento, comparando com o sul de Moçambique, menos acelerado.
DW: Na semana passada, o Fórum Económico Mundial divulgou um relatório anual sobre o desenvolvimento econômico de Moçambique, levando em conta alguns critérios e parece que o país caiu dois lugares no Índice de Competitividade do Fórum Económico Mundial, de 131 para 133, o que quereria dizer que o país estaria entre as piores economias do mundo, segundo divulgaram agências noticiosas. Entre as razoes apontadas para essa perda de competitividade do país contam-se a burocracia para abrir novos negócios, muitos impostos elevados e falta de infra-estruturas no país. Isso também distanciaria Moçambique de ser o mais competitivo na SADC [Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral] até 2015. Seria possível atingir esse objetivo?
AI: Nós estamos num processo de reforma. Decidimos fazer reformas que permitam não só mudar a estrutura no que diz respeito a procedimentos, mas também na formação da administração que é o ator, sobre o qual o processo de reforma em primeiro lugar recai. E depois todo um processo de consciencialização social e de preparação social para que empreendedores moçambicanos também participem e cada vez mais no processo de desenvolvimento dos seus negócios.
DW: Os mega-projetos em Moçambique são um grande assunto debatido internacionalmente. Uma das críticas mais recorrentes a esses mega-projetos é que os benefícios não se aproximam tanto da população. Como se poderia aproximar os mega-projetos à população para dar mais benefícios à população moçambicana?
AI: Faz-se criando pequenas e médias empresas a jusante dos mega-projetos. Nós temos de ser capazes de fazer a ligação setorial na economia: permitir que as grandes corporações tenham uma relação com as médias e as pequenas corporações. O fornecimento e a prestação de serviços. O que nós estamos a fazer é a reestruturação económica para as pequenas e médias empresas serem as dinamizadoras da economia, tendo os mega-projetos como projetos de referência, através dos quais as pequenas e médias empresas operam. Esse é o processo que nós, estruturalmente, estamos a fazer, embora possa haver, ou não, a possibilidade de renegociar algum outro benefício com os mega-projetos à medida que eles atingem os pontos críticos de ganhos de competitividade a nível mundial.
Autora: Renate Krieger
Edição: Marta Barroso/António Rocha