Missão africana de paz entre Moscovo e Kiev inicia em junho
17 de maio de 2023A iniciativa de paz africana é promovida pelos chefes de Estado da África do Sul, Zâmbia, Senegal, República do Congo, Uganda e Egito, com o apoio do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, referiu o diretor-geral do Ministério das Relações Internacionais e Cooperação sul-africano, Zane Dangor.
"No início de junho, os seis chefes de Estado irão se deslocar entre as capitais Moscovo e Kiev para se envolverem nas conversações agendadas e pelo menos chegar a um cessar-fogo", declarou o responsável sul-africano, citado pela imprensa local, sem avançar datas.
Zane Dangor, que falava no comité de relações internacionais do parlamento, no âmbito dos preparativos da cimeira de chefes de Estado e de Governo em agosto na África do Sul, sublinhou ainda que "esta iniciativa foi partilhada com o secretário-geral da ONU, que manifestou o seu apoio", acrescentando que vão "também dialogar com outros atores, incluindo os EUA [Estados Unidos da América]".
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, aceitaram receber a missão de paz composta por seis chefes de Estado africanos, em Moscovo e Kiev, anunciou na terça-feira (16.05) o Presidente sul-africano.
Cyril Ramaphosa disse que falou pelo telefone separadamente, no fim de semana, com Putin e Zelensky.
Segundo confirmou nesta quarta-feira ao jornal "Ukrainska Pravda" o porta-voz do gabinete presidencial ucraniano, Zelensky está mesmo disposto a receber a missão africana em Kiev.
"O presidente da Ucrânia celebrou esta iniciativa de paz. Volodymyr Zelensky está pronto para receber esses ilustres visitantes na Ucrânia, para escutar suas propostas, falar sobre a Fórmula da Paz Ucraniana e convidá-los a participar de sua implementação", disse.
Também o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, afirmou que seu país está "disposto a estudar as propostas", durante uma entrevista coletiva. Segundo Lavrov, trata-se de iniciativa "gerada pelo desejo sincero de ajudar a estabilizar a ordem mundial".
Posição "não alinhada"
A iniciativa do Presidente sul-africano acontece após as recentes tensões com Washington espoletadas pelas declarações do embaixador dos EUA na África do Sul, Reuben Brigety, que acusou na semana passada o Governo sul-africano de fornecer armas e munições à Rússia.
O Governo sul-africanoafirmou que não havia registo de vendas de armas aprovadas pelo Estado à Rússia durante o período em questão e o Presidente Ramaphosa anunciou uma investigação sobre o assunto.
Na segunda-feira (15.05), horas depois de Ramaphosa ter negado as acusações dos Estados Unidos, o Ministério da Defesa russo anunciou que o mais importante general do exército russo, Oleg Salyukov, encontrou-se com o chefe do exército sul-africano, o tenente-general Lawrence Mbatha, no quartel-general do comando geral da Rússia em Moscovo.
"As partes discutiram questões de cooperação militar e a execução de projetos destinados a aumentar a prontidão de combate dos exércitos dos dois países", lê-se no comunicado russo.