Moçambique: Ciclone Gombe faz pelo menos sete mortos
11 de março de 2022O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, afirmou, esta tarde, na África do Sul, onde se encontra, que a passagem do ciclone Gombe na província de Nampula fez pelo menos sete mortos.
"Sete pessoas morreram na província de Nampula devido ao colapso de casas e outras
infra-estruturas", afirmou o chefe de Estados aos jornalistas.
Sabe a DW que do total das sete mortes, seis registaram-se no distrito costeiro de Angoche. Eram membros da mesma família, e estavam no interior da sua casa, quando a casa desabou. Ocorreu também uma morte no populoso bairro de Namicopo, na cidade de Nampula. Trata-se de uma pessoa que morreu ao tentar consertar o teto da sua casa e acabou eletrocutada.
Ao início desta tarde, a Organização Mundial de Meteorologia afirmou, no Twitter, que "os ventos enfraqueceram, mas as fortes chuvas representam uma ameaça de inundações em Moçambique e no sul do Malawi nos próximos dias".
Na cidade de Nampula, o cenário é também dramático: casas sem teto e vários postes de corrente elétricas danificadas.
O Secretário de Estado da província esteve na manhã desta sexta-feira, na cidade de Nacala, capital económica da província, para monitorar a situação. Mety Gondola viu de perto parte do Centro de Saúde de Murrupelane destruído e sem cobertura, principalmente na Maternidade, e o Banco de Socorro.
Na ocasião, o governante disse que o governo local está a procurar soluções para a retomada urgente do atendimento aos utentes no Centro de Saúde.
Vários distritos da província estão sem eletricidade. Num comunicado divulgado, esta manhã, a operadora móvel Vodacom fez saber que está a trabalhar para restaurar os seus serviços nas áreas afetadas. Também a companhia aérea nacional de Moçambique, LAM, cancelou os voos de e para as cidades de Nampula, Nacala, Quelimane e Pemba.
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades informou que o telhado dos armazéns onde se encontrava a ajuda alimentar destinada aos distritos afetados sofreu alguns danos, tendo os produtos ficado danificados.
Distritos costeiros incontactáveis
Teme-se que os maiores estragos provocados pelo ciclone Gombe estejam nas zonas costeiras, onde a tempestade chegou a terra com maior intensidade, nomeadamente entre as povoações de Mogincual e Terrene, 50 quilómetros a sul da Ilha de Moçambique.
"Os distritos ficaram incontactáveis" e as equipas da proteção civil ainda não podem avançar para o terreno por falta de condições de segurança, uma vez que o ciclone continua ativo, referiu fonte oficial do Centro Nacional Operativo de Emergência (Cenoe).
As equipas do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD) estão prontas a aguardar "orientações do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) de que podem ir para o terreno".
Ilha de Moçambique
Em entrevista à Lusa, José Luís Pereira, gestor de projeto da organização não-governamental portuguesa Helpo, e que reside na ilha de Moçambique, afirmou que a tempestade amainou a partir das 06:00 para dar lugar a uma "situação calma" em que agora se avaliam os estragos, com a energia ainda inconstante, assim como o sinal das redes móveis de telecomunicações.
A ponte de 3,5 quilómetros que liga a primeira capital moçambicana - conhecida pelo seu património cultural - ao continente está transitável, apesar da queda de postes e danos numa cancela.
Mas em redor há um cenário de destruição com "árvores caídas" pelas ruas, casas que desabaram e outras sem cobertura, conta.
"Os ilhéus vão precisar de grande ajuda: há casas sem teto e preocupa-me a escola primária", sublinhou, considerando que ainda é cedo para fazer um balanço dos danos humanos, dado que decorrem trabalhos para remoção de escombros e outros materiais arrastados pela tempestade.
Uma outra residente na ilha referiu haver indicação de um elevado grau de destruição do outro lado da ponte - no continente -, mas sem dados precisos sobre outros distritos, devido à falta de comunicações.
A tempestade Gombe chegou à costa moçambicana pelas 03:00 na categoria de ciclone intenso com chuva torrencial e vento de 165 quilómetros por hora, com rajadas superiores a 200, anunciou o centro meteorológico francês da ilha de Reunião.