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Moçambique: Credores "à espera" do FMI

30 de dezembro de 2016

Há mais de um mês que os consultores jurídicos e financeiros de Moçambique para a reestruturação das dívidas ocultas não reúnem com os credores. Analistas dizem que os credores aguardam números "reais" da dívida.

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Foto: Getty Images/AFP/M. Ngan

O Governo moçambicano tinha dito que, a reestruturação da dívida devia estar concluída até ao final do ano. Mas há mais de um mês que os consultores jurídicos e financeiros de Moçambique não se encontram com os credores, segundo o Wall Street Journal. Assim, o prazo terá de ser estendido.

Egídio Vaz entende que os credores não têm pressa em resolver o problema, porque tudo ainda está nas mãos do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Egidio Vaz Historiker aus Mosambik
Egídio Vaz: "A lógica dos credores é de que não vale a pena negociar antes que o FMI dê um aval"Foto: Marta Barroso

"A lógica dos credores é de que não vale a pena negociar antes que o FMI dê um aval sobre a situação real da dívida", afirma o analista em entrevista à DW. "Existe uma relação direta entre a renegociação da dívida e a própria exequibilidade e segurança desta situação."

Atraso pode ter impacto negativo

Esta semana, o ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, disse que os consultores estão a trabalhar e poderão tomar uma posição sobre a normalização da dívida já em janeiro.

As reuniões entre os consultores e os credores visam acelerar a negociação da reestruturação da dívida para que recomecem os encontros com o FMI sobre o pacote de ajuda. Mas, para Egídio Vaz, os credores continuam relutantes: será preciso "ter dados das finanças reais moçambicanas, a partir dos quais se possa renegociar as dívidas."

Esses números só deverão ser conhecidos em fevereiro, altura para que se prevê a conclusão da auditoria internacional independente aos empréstimos contraídos por três empresas (Ematum, Proindicus e MAM), garantidos pelo Estado e estimados em dois mil milhões de dólares.

Moçambique: Credores 'à espera' do FMI

Um atraso nas negociações entre os consultores de Moçambique e os credores pode ter implicações negativas na economia: "Há sempre um preço a pagar na condição em que a economia está", explica Jorge Matine, do Centro de Integridade Pública (CIP).

"É sempre uma variável que vai pesar contra aquilo que eram as previsões do Governo. O que seria desejado pelo Executivo é que estes processos deviam ser acelerados", diz o investigador.

Esse não será, segundo Matine, só um desejo de Maputo, mas também dos investidores: "Porque é uma situação bastante difícil. Tendo em conta que a economia não está a ter bom desempenho e os salários não estão a ser pagos na sua totalidade, esta não é uma situação boa para ninguém."

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