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Edilidade em Nampula paga caro por estrada sem qualidade

Sitoi Lutxeque (Nampula)
16 de fevereiro de 2022

Na cidade de Nampula, cidadãos estão revoltados com a edilidade pela inauguração de uma estrada que custou mais de 40 milhões de meticais, mas que em menos de 20 dias ficou danificada. Edil pede o dinheiro de volta.

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Foto: Sitoi Lutxeque/DW

Os citadinos de Nampula, no norte de Moçambique, estão zangados com a edilidade por ter aceite inaugurar a estrada que dá acesso ao bairro e Hospital Geral de Marrere. Em menos de 20 dias, o empreendimento ficou intransitável.

Florêncio Alfredo é um dos cidadãos agastados com a situação: "Aqui está intransitável, é difícil passar para Marrere, usa-se vias alternativas, o que não devia acontecer. A construção desta via foi em virtude do planificado e esperava-se que a estrada seria de qualidade, mas hoje deparamo-nos com esta situação triste", lamentou.

Mosambik Paulo Vahanle Bürgermeister von Nampula
Paulo Vahanle, edil de NampulaFoto: Sitoi Lutxeque/DW

A referida estrada, de pouco mais de um quilómetro e inaugurada a 4 de janeiro, deveria ter custado 29 milhões de meticais (cerca de 397 mil euros), mas no decorrer das obras o empreiteiro pediu ao município mais 11 milhões, totalizando 40 milhões de meticais (cerca de 550 mil euros).

Edil pede contas ao empreiteiro

Na terça-feira (15.02)  o município reuniu-se com a equipa do empreiteiro e fiscal. À semelhança dos citadinos, o autarca de Nampula, Paulo Vahanle, está desapontado com ambos, alegadamente por terem enganado a edilidade e os munícipes, prestando um péssimo serviço - a garantia da infraestrutura esperada era de 10 anos.

Para Vahanle, não se justifica o resultado final: "Nós fizemos de tudo e colaborámos para que a ZAC Construções fizesse uma obra de qualidade. O nosso desejo era termos uma estrada de qualidade, agora quando falam que o culpado é o município, fico surpreso."

Mosambik Straße in Nampula
Empreiteiro procura solução no terrenoFoto: Sitoi Lutxeque/DW

Sem rodeios, Paulo Vahanle pediu a devolução dos mais de 11 milhões de meticais da adenda que visava reforçar a qualidade na obra.

"Fiscal e empreiteiro, nós queremos o nosso dinheiro; enganaram-nos. Vocês vão nos indemnizar pelos danos morais; ofenderam Vahanle, oferendaram a governação da RENAMO e os munícipes da cidade de Nampula. Vão indemnizar-nos porque fizeram algo da vossa cabeça e não aquilo que deveriam ter aprendido na escola", afirmou.

Empreiteiro desculpa-se

A ZAC Construções, construtora da estrada, assume a responsabilidade e justifica que a destruição da mesma deve-se à falta de um estudo geotécnico, e que mais tarde foram descobertas três nascentes de rios ao longo das obras.

Armando Duarte, um dos responsáveis da construtora, pede desculpa e promete a correção dos problemas.

"Depois da inauguração da estrada, nós ainda não tínhamos removido o equipamento e estávamos a fazer algumas reparações que ainda estavam em falta, sendo assim nós pedimos desculpas ao Conselho Municipal assim como aos munícipes. Não contávamos que isso havia de acontecer. Neste momento, estamos a fazer esforços para corrigir", disse.

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