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Moçambique: "Falta um atendimento condigno nos hospitais"

correspondentes da DW
17 de novembro de 2020

Na província de Manica, pacientes criticam o mau atendimento nos serviços de saúde. Entre os queixosos, estão funcionários públicos que acusam os profissionais do sector de ignorarem os cartões de assistência médica.

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Muitos pacientes preferem ir a clínicas privadasFoto: Bernardo Jequete/DW

Pacientes na província de Manica, centro de Moçambique, queixam-se de mau atendimento por parte dos profissionais de saúde, um pouco por todas as unidades sanitárias da região.

Entre os críticos estão professores que dizem que os cartões de assistência médica dos funcionários públicos não são tidos em conta no atendimento hospitalar.

A denúncia surge na voz do secretário provincial da Organização Nacional de Professores em Manica (ONP), António Taimo, que pede reformas no sector da saúde:

"Há falta de um atendimento condigno nos hospitais e centros de saúde aos funcionários e agentes do Estado, sobretudo os do sector da educação."

O secretário provincial relata que, mesmo apresentando o cartão de assistência médica e medicamentosa, é constantemente dito: "Não temos medicamentos, podem-se dirigir às farmácias privadas para adquiri-los."

Mosambik Corona-Pandemie | Manica
Berçário dos Hospital Provincial de ChimoioFoto: Bernardo Jequete/DW

Cidadãos maltratados

Uma das pacientes entrevistadas pela DW África numa das unidades sanitárias em Chimoio, falando na condição de anonimato, acusa os profissionais de saúde de maltratarem os cidadãos. Afirma que ultimamente muitos preferem ir a clínicas privadas para terem um melhor atendimento:

"Aqueles que atendem quando entramos [no sector de atendimento] e deixamos ficha [de bebé], começam logo a te insultar. E se fores a entrar na [sala de atendimento], te mandam para fora sem justas causas."

Mosambik Corona-Pandemie | Manica
Pacientes na fila de serviços pré-natais em ManicaFoto: Bernardo Jequete/DW

Outra paciente, que também falou na condição de anonimato, condena a atitude dos profissionais que atendem mal nos hospitais, lembrando que o mau atendimento pode contribuir para o agravamento da doença:

"Eu vi uma senhora a ser atendida mal aí. Essa senhora veio para levantar medicamentos e foi-lhe dito que a data dela não era hoje. Ela disse que queria ir a Machamaba e não iria voltar agora. [As enfermeiras] começaram a despachá-la e a responder mal, daí aquela senhora foi-se embora", relata.

Mau atendimento tem consequências? 

Instado a comentar as queixas dos pacientes, o diretor provincial da saúde, Firmino Jaqueta, garante que o sector da saúde, através de inspeções, tem estado a disciplinar paulatinamente estes profissionais:  

"O problema de definição do mau atendimento tem muitas componentes. O que nós podemos dizer aqui é que sim, nós reconhecemos que, de facto, nalgum momento tem faltado um atendimento condigno. Temos que reconhecer isso."

"Às vezes, pode faltar um medicamento específico para um determinado utente, consideram isso de mau atendimento. Mas também tem que se reparar que ao longo dos anos há uma série de condições que estão sendo criadas. Significa que estamos a fazer algum trabalho", contrapõe o diretor provincial.

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