Professores exigem condições de trabalho seguras
18 de fevereiro de 2021As obras de reabilitação dos sanitários escolares iniciaram tarde na província de Inhambane devido a questões burocráticas. Como consequência, muitos estabelecimentos de ensino não oferecem condições mínimas para a prevenção do coronavírus. O sindicato dos professores suspeita que essa é a razão pela qual alguns profissionais acabaram por ser infetados.
Silvestre Agostinho, professor no distrito de Zavala, disse à DW que não há água para lavar as mãos na maioria das escolas desta região do país. "Na minha escola por exemplo, não há furo de água". Alunos e professores recorrem a baldes de água. A água esgota-se rapidamente e é todo "um processo para meter-se [água] nova", explica Agostinho.
Agostinho Macamo, outro professor em Inhambane, revelou que o financiamento das medidas de prevenção sai do seu próprio bolso. "Tiro do meu pobre salário para poder comprar álcool-gel e máscara, para trabalhar seguro, sem risco". Macamo diz que já informou as autoridades responsáveis sobre a situação, mas estas "disseram que não receberam fundos" para combater a Covid-19.
O medo do contágio
Eugénio Mahumane desconfia dos termómetros, que, a seu ver, parecem registar uma temperatura constante em todos alunos e professores. "Não é possível que todos tenham a mesma temperatura", acusa.
Isabel Munguambe, secretária provincial da Organização Nacional dos Professores (ONP) em Inhambane, diz que entre os docentes reinam a incerteza e o desespero, uma vez que se registam alguns casos de professores infetados com o coronavírus. "Acho que este pânico vai existir por mais dez anos. Depende de como as pessoas individualmente encaram o desafio da pandemia", afirma Munguambe.
Autoridades negam negligência
A diretora provincial da Educação em Inhambane nega haver falta de condições adequadas e recursos nas escolas. Palmira Pinto afirma que os estabelecimentos de ensino estão a cumprir com o protocolo sanitário.
"Como representante do setor da educação não tenho conhecimento formal desta situação. Somos os primeiros defensores de tudo aquilo que é o protocolo da saúde", disse Pinto à DW.