Moçambique: Trabalhadores da Tmcel contradizem ministro
15 de maio de 2023O comité de empresa da Tmcel descarta a ideia de um "colapso" iminente.
Na semana passada, o ministro Mateus Magala anunciou no Parlamento que eram necessárias medidas urgentes para salvar a empresa, porque a Tmcel "perdeu a capacidade de honrar os seus compromissos, incluindo o não pagamento de salários".
Mas o secretário do comité de empresa, Fausto Maurício, referiu esta segunda-feira (15.05) em conferência de imprensa que a situação na Tmcel é melhor do que a descrita pelo ministro dos Transportes e Comunicações.
"A situação é boa, porque estamos a sentir um ritmo de mudança", assegurou. "Estamos a sentir a melhoria das operações da empresa relativamente à implantação de novos sistemas e novas redes, mas também na questão do pagamento de salários".
Trabalhadores apanhados de surpresa
O ministro Mateus Magala anunciou ainda, na semana passada, que o Governo decidiu vender 80% das ações da empresa e reduzir a massa laboral em 60%.
Fausto Maurício diz que o anúncio constituiu uma surpresa para os trabalhadores e lamentou que nunca tenham sido abordados sobre a matéria: "Um grande número de colegas e mesmo o comité de empresa foram colhidos de surpresa relativamente a estes pronunciamentos sobre a redução da mão de obra", afirmou.
"Nós não estamos contra, mas não temos informação sobre os critérios para a definição destes 60%."
Dívida milionária
O comité de empresa reuniu esta segunda-feira com os trabalhadores sobre a situação na Tmcel.
"Era nossa obrigação sentar com os trabalhadores e demonstrar que a [sua] inquietação tem razão de ser, mas temos de ter calma", apelou Fátima Gravata, que também é membro do comité.
O assunto será "resolvido" com a gestão da Tmcel, o Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE) e o próprio ministro Mateus Magala, acrescentou.
De acordo com o Governo moçambicano, a Tmcel tem uma dívida superior a 400 milhões de dólares. A organização não-governamental Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD) pediu esta segunda-feira que a administração da empresa estatal seja investigada.
O Executivo decidiu formar a Tmcel em 2016 como resultado da fusão de duas empresas à beira da falência, nomeadamente a Moçambique Celular (Mcel) e Telecomunicações de Moçambique (TDM).