Campanha de vacinação no Moxico: Jovens reclaram pagamento
16 de outubro de 2022Mais de 80 jovens, que em junho último prestaram serviços durante a segunda fase da campanha de vacinação contra a Covid-19 na província angolana do Moxico, reclamam junto da Direção Provincial de Saúde o pagamento de 96 mil kwanzas, o equivalente a cerca de 222 euros.
Delmilson Ecumba é pai e está desempregado. No processo de vacinação exerceu o papel de registador e ainda espera pelo pagamento. Conta que está agastado e insatisfeito.
"Até agora, nada. A informação que tivemos até ao momento é que os supervisores e condutores já foram pagos. Mas nós, que trabalhamos como mobilizadores e registadores manuais e digitais, até ao momento não tivemos resposta", disse.
"Quando vamos à repartição, ninguém nos dá uma resposta satisfatória. Pelos 24 dias serão pagos", acrescenta indignado.
"Precisamos muito desse dinheiro"
Também o estudante Leonardo Liz está inconformado com a demora no pagamento e pede ajuda.
"Chegamos na repartição e tentamos falar com o Dr. Baldé Barnabé [diretor municipal da saúde], mas não nos responde e nem nos dá uma satisfação. E ficamos assim", desabafa.
"Agora estamos a bater às portas, a pedir ajuda para que tenham piedade de nós. Somos jovens, estamos a procurar formas de sobreviver e muitos de nós temos familiares, filhos, esposa, mas não temos trabalho. Precisamos muito desse dinheiro para comprar qualquer coisa", acrescenta.
O diretor municipal da saúde, Baldé Barnabé, admite o atraso dos pagamentos e que toda a equipa que esteve envolvida na campanha ainda não foi paga. "O Ministério da Saúde até ao mês passado ainda não tinha se pronunciado sobre a situação do pagamento", explica.
Valor alterado
Por outro lado, o valor acordado inicialmente foi alterado. Ao invés de 4 mil kwanzas (cerca de 9 euros), serão pagos 2 mil kwanzas (aproximadamente 5 euros).
"Para cada vacinador diariamente são 2 mil kwanzas e nós fizemos a campanha de vacinação durante 24 dias", disse Barnabé.
O jurista Augusto Tomás, ouvido pela DW, espera que o Estado tenha a consciência que deverá, inclusive, além do valor que deve, ressarcir pelas eventuais situações pouco abonatórias.
"Persistindo a posição do Estado em não proceder ao pagamento dessas remunerações, aconselha-se a proceder, nos termos normais das garantias que a própria lei confere, uma reclamação e os competentes recursos. Se não for possível, então o Estado deverá responder contenciosamente de acordo com a atitude que está adotar", concluiu o jurista.