1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Moçambique aposta na revitalização da produção algodoeira

Andreas Becker/Glória Sousa21 de março de 2014

Mais de 500 especialistas do setor do algodão estiveram reunidos em Bremen, no norte da Alemanha. No centro do encontro de três dias, que terminou esta sexta-feira (21.03.), estiveram a qualidade e a tecnologia genética.

https://p.dw.com/p/1BU6q
Symbolbild - Baumwolle
Foto: CC-BY-NC-aneyefortexas

[No title]

A China é o maior importador e processador de algodão a nível mundial. Nos últimos anos, o país acumulou cerca de 12,8 toneladas de reservas, o que representa mais do que o gigante asiático necessita para um ano e meio.

Uma vez que o armazenamento é dispendioso, Pequim vende atualmente o algodão a baixo preço. Os países produtores temem que a China continue a reduzir as suas reservas, afirma Gabriel Mwalo do "Conselho de algodão" da Tanzânia: “se a China agora começar a dissolver as suas reservas, irá possivelmente reduzir a procura de algodão da Tanzânia”. Uma diminuição na procura afetaria todo o país: 40% da população vivem do algodão e a Tanzânia exporta 70% do que produz.

“Produção de algodão já conheceu melhores dias em Moçambique”

Moçambique está ainda mais dependente do mercado internacional: o país exporta 100% do seu algodão para a Ásia. A maior parte da produção não é vendida diretamente, mas antes exportada através de comerciantes intermediários internacionais. Isso afeta o lucro dos produtores, diz Gabriel Paposseco, diretor adjunto do Instituto do Algodão de Moçambique: “o nosso esforço, como Governo de Moçambique, é atrair os consumidores finais através de empresas têxteis e companhias de produção de fios”.

Paposseco explica que atualmente Moçambique está a tentar criar uma empresa única de comercialização da fibra do algodão. “Através dela”, acrescenta, “qualquer um que queira comercializar o algodão moçambicano, contacta esta empresa e através dela pode exportar sem intermediários”.

Baumwoll-Fabrik Guro Mosambik
Algodão antes de ser processado na Fábrica de Processamento de Algodão de Manica, - Guro, em MoçambiqueFoto: DW/J.Beck

No entanto, a produção de algodão em Moçambique já conheceu melhores dias, reconhece Gabriel Paposseco que participou na 32ª Conferência Internacional do Algodão, em Bremen, na Alemanha. “Nos últimos anos tem havido uma estagnação e em muitas campanhas há a tendência de reduzir a produção de algodão”.

Novas iniciativas pretendem impulsionar o setor do algodão

Foi nesse espírito que o Governo de Moçambique desenvolveu um programa, que o Instituto do Algodão de Moçambique designa de 'sub-programa de revitalização da cadeia de valor do algodão'. O programa centra-se no aumento da produção e da produtividade, na melhoria da qualidade do algodão e do acesso ao mercado bem como no processamento local e no desenvolvimento de atores institucionais do sector algodoeiro.

Em Moçambique estão ainda a ser implementadas duas iniciativas, ‘Cotton Made in Africa’ (Algodão Produzido em África) e ‘Better Cotton Initiative’ (Iniciativa Melhor Algodão). Neste contexto estão a ser formados produtores de algodão moçambicanos em técnicas agrícolas sustentáveis para melhorar a produtividade e a qualidade do algodão.

Moçambique exclui a possibilidade de produzir algodão geneticamente modificado, tema que esteve em destaque durante três dias na 32ª Conferência Internacional do Algodão. No encontro, que reuniu na cidade alemã de Bremen especialistas das áreas da economia, indústria e comércio de algodão de 40 países, as violações dos direitos humanos em toda a cadeia de produção do algodão ficaram fora da mesa.