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Moçambique está oficialmente livre de minas antipessoais

Cristina Krippahl17 de setembro de 2015

A imprensa é muitas vezes acusada de apenas dar más noticias. Pois bem, hoje temos uma excelente notícia para dar. Nesta quinta-feira (17.09), Moçambique foi oficialmente declarado livre de minas antipessoais.

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Minenräumung in Afrika
Foto: DW/Getachew Tedla

De acordo com Calvin Ruysen, diretor regional para a África do Sul da Halo Trust, a organização não-governamental (ONG) anglo-americana especializada na remoção de minas antipessoais não esconde que este é um dia emocionante e “imensamente importante, não apenas para Moçambique, mas também para outros países afetados pelo problema das minas, pois demonstra que trabalhando em conjunto é possível resolver este problema num espaço de tempo razoável.”

No caso de Moçambique, a desminagem começou há 22 anos, e, segundo a Halo Trust, o sucesso deste trabalho árduo ficou a dever-se aos esforços conjuntos do Governo de Moçambique, dos doadores internacionais, da organização de desminagem e dos mais de 1600 moçambicanos que ao longo de duas décadas participaram ativamente na operação.

Terras agora desminadas podem ser aproveitadas para a produção agrícola
Para além de eliminar um triste legado das guerras da independência e civil, estar livre de minas tem um significado especial para Moçambique, diz Ruysen, como também “é uma enorme motivação para a transformação do país. Terras antigamente minadas podem agora ser desenvolvidas, não apenas para alimentar as comunidades locais, mas todo o país.

O diretor regional considera tratar-se de um momento “fantástico para a reconstrução e o desenvolvimento socioeconómico". E este sucesso demonstra ao mundo que "Moçambique tem a capacidade de resolver os problemas com os quais se depara, o que acabará por encorajar muito mais colaborações e parcerias de todo o género com este país", acrescenta o responsável.

Minenräumung in Mosambik
Especialista a trabalhar na desminagem em Moamba, MoçambiqueFoto: picture-alliance/dpa

Os custos totais da operação de desminagem da Halo Trust estão calculados em cerca de 300 milhões de euros. O sucesso teria sido impossível sem todos os apoios que receberam com destaque para o apoio do Governo alemão que “tem vindo a apoiar-nos na desminagem de países como Afeganistão, Colômbia e Somália desde 1998. Trata-se de um apoio muito importante, pelo que estamos muito gratos não apenas ao Governo alemão, mas ao povo alemão" disse Ruysen.

Está a população livre de perigo?
Nos 22 anos de atividade em Moçambique, a Halo Trust destruiu 171 000 minas, o equivalente a 80% do total encontrado. O número de vítimas baixou consideravelmente, de cerca de 600 por ano no início da década de 90 para 13 em 2013.

Mas será que os moçambicanos podem agora ter a certeza absoluta que nunca mais vão pisar numa mina?

Minenräumung in Mosambik
Ratos detetores de minas antipessoais utilizados em MoçambiqueFoto: imago/Anka Agency

Calvin Ruysen alerta que haverá sempre a possibilidade de uma ou outra mina avulsa ser ainda encontrada por não se saber da sua existência. “Mas o importante agora, é que todas as minas das quais se tinha conhecimento, por terem sido sistematicamente detetadas nos nossos estudos, foram destruídas. E isso merece ser celebrado”, conclui o responsável da Halo Trust, ONG especializada em desminagem.

Campanha Internacional contra Minas felicita Moçambique

A Campanha Internacional para Erradicação de Minas Terrestres saudou Moçambique por estar livre destes engenhos, considerando o acontecimento "uma importante realização e conquista impressionante".

"O que poderia ter sido considerado uma tarefa intransponível há apenas 20 anos foi feito em Moçambique, graças à vontade política e à utilização de metodologia adequada", disse em comunicado Megan Burke, diretora da organização internacional, laureada com o Nobel da Paz em 1997.Segundo a organização, a desativação de engenhos explosivos espalhados pelo território nacional durante o conflito colonial e a guerra civil vai permitir que milhares de moçambicanos cultivem as suas terras, andem para as suas escolas e tenham acesso à água em segurança.

"Isso é uma conquista impressionante. Também mostra que se os recursos corretos forem empregados da maneira correta, a maioria dos estados contaminados podem concluir a desminagem dentro dos próximos dez anos", destaca o comunicado, referindo-se ao compromisso internacional, assumido em Maputo no ano passado, de os Estados-membros do tratado que regula a eliminação destes engenhos terminarem os respetivos processos até 2025.

Symbolbild Landminen Landminenkonferenz Minenfeld
Desminagem em Moçambique começou há 22 anosFoto: Imago

Citando dados do Governo moçambicano, o comunicado refere que 10.900 pessoas morreram vítimas de minas em todo o país, admitindo, porém, que o número total é desconhecido.

"Nós esperamos que o sucesso em Moçambique possa fornecer um exemplo e estímulo para estes países a dedicarem-se ao apoio político necessário, melhorar os seus programas, bem como libertar terras seguras para as comunidades com maior agilidade", disse Megan Burke.

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