FMI quer relatório sobre dívidas "o mais rápido possível"
1 de junho de 2017O representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Moçambique não esconde que há alguma ansiedade para conhecer a auditoria às chamadas dívidas ocultas, realizada pela filial britânica da consultora norte-americana Kroll.
"Todos estamos com vontade de ver o sumário executivo o mais breve possível", afirmou Ari Aisen, questionado pela agência de notícias Lusa.
A consultora entregou o relatório à Procuradoria-Geral da República de Moçambique a 12 de maio, mas até agora o seu conteúdo ainda não foi divulgado. "Aguardemos", referiu o responsável do FMI.
O Fundo Monetário Internacional e um grupo de 14 doadores internacionais congelaram o apoio ao orçamento de Estado moçambicano depois de, no ano passado, serem descobertas dívidas na ordem dos 2,2 mil milhões de dólares, que foram garantidas pelo Governo sem o aval do Parlamento. Os parceiros de Moçambique recusam-se agora a retomar os apoios sem a divulgação das conclusões da auditoria.
FMI propõe programa estrutural
Segundo Aisen, o FMI pretende negociar com o país um programa estrutural e de longo prazo. Mas tudo dependerá das negociações futuras: "Se conseguirmos chegar a um acordo com Moçambique, e tenho otimismo em como vamos conseguir chegar a esse acordo, estamos realmente pensando num programa que seja mais estrutural", em vez de um apoio pontual, afirmou o representante do Fundo.
"Na nossa visão e diagnóstico, Moçambique precisaria de um programa de mais longo prazo e que realmente tivesse um foco bastante relevante sobre temas estruturais, principalmente aqueles que tocam as finanças públicas", disse Ari Aisen na quarta-feira (31.05.).
Até 2013, a dívida pública moçambicana rondava os 40% do Produto Interno Bruto (PIB), mas cresceu exponencialmente nos últimos anos, disparando para 130% no ano passado.
O FMI pretende inverter este cenário. "Queremos que a trajetória da dívida esteja realmente declinando", concluiu Aisen, que espera também melhorias, por exemplo, ao nível da relação da dívida com exportações e arrecadação tributária.