Editor do Canal de Moçambique ouvido em tribunal
10 de julho de 2020O editor do semanário Canal de Moçambique, Matias Guente, foi ouvido esta sexta-feira (10.07) na procuradoria da cidade de Maputo, no âmbito de um processo em que é arguido por alegada violação de segredo de Estado em textos sobre violência armada em Cabo Delgado.
Fonte ligada ao processo disse à agência de notícias Lusa que o magistrado titular do caso interrogou Matias Guente sobre a fonte e as motivações por detrás de textos que o semanário escreveu em março deste ano sobre contratos assinados em fevereiro de 2019 entre o Governo moçambicano e a petrolífera norte-americana Anadarko.
Os contratos, que o Canal de Moçambique designou em título como "negócios da guerra", visavam proteger a construção dos projetos de gás natural na bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, de ataques armados que assolam a região.
O magistrado quis também saber de Matias Guente o que levou o jornal a escrever sobre contratos que levavam o carimbo "confidencial" na capa.
A audição de Matias Guente durou cerca de três horas e o jornalista estava acompanhado pelo seu advogado e também jornalista Ericino de Salema.
À saída da audição, tanto Ericino de Salema como Matias Guente não prestaram declarações à comunicação social pelo facto de o processo ainda se encontrar em segredo de justiça.
Ouvido pela DW em junho, Matias Guente disse não se sentir intimidado: "O Estado tem que garantir que o jornalista exerce a sua atividade dentro de um clima de segurança e independência", considerou.
No mesmo processo é também arguido o diretor do jornal, Fernando Veloso, mas o jornalista ainda não foi ouvido por se encontrar em Portugal para tratamento médico.