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Moçambique: Maputo admite "desafios" para recolher lixo

Lusa
3 de janeiro de 2025

Maputo reconheceu "desafios" para recolher cerca de 1.200 toneladas de lixo diário face à insuficiência de meios que foram vandalizados durante protestos de contestação dos resultados das eleições gerais em Moçambique.

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Lixo em Maputo, Moçambique
Confrontos entre a polícia os manifestantes já provocaram quase 300 mortos e a destruição de inúmeros meiosFoto: Romeu da Silva/DW

"O desafio em relação à recolha de resíduos sólidos continua, sobretudo porque há que continuar a retirar os resíduos sólidos produzidos diariamente que são na ordem de 1.200 toneladas por dia, mas também temos outros milhões que não foram recolhidos no período das paralisações", disse a jornalistas o vereador de infraestruturas do Município de Maputo, em Moçambique, João Munguambe.

Moradores do bairro Georgi Dimitrov, localmente conhecido por Benfica, arredores do centro da cidade de Maputo, atiraram hoje lixo na Avenida de Moçambique, uma das principais vias que liga o centro da capital a periferia, para pressionar as autoridades municipais a fazer a recolha de resíduos sólidos.

Outro caso idêntico registou-se na semana passada, em que moradores do bairro da Maxaquene, na periferia da cidade, foram depositar lixo nas instalações da Eletricidade de Moçambique (EDM), entidade pública pela qual é descontada a taxa de lixo, com o objetivo de pressionar as autoridades da capital a fazer a recolha dos resíduos naquele bairro.

Em declarações à comunicação social hoje, o vereador de infraestruturas do Município de Maputo indicou que a vandalização de 67 contentores e vários veículos de recolha de resíduos durante protestos pós-eleitorais contribuiu para o défice na recolha de resíduos sólidos, indicando que a autarquia está a mobilizar meios para reforçar a sua capacidade face às dificuldades.

"Neste momento estamos a mobilizar meios adicionais para fazer a recolha (...) Estamos a trabalhar no sentido de repor a capacidade, mas também reconhecemos que para resolver o problema das toneladas de lixo, fora as de produção diária, aquele que se deixou de recolher quando não se podia, precisaríamos de mais ou menos uma semana de trabalho extra com meios adicionais", declarou João Munguambe, pedindo pelo menos duas semanas para fazer a recolha total dos resíduos na capital.

Em 23 de dezembro, o Conselho Constitucional (CC), última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da FRELIMO, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.

A sua eleição é, contudo, contestada nas ruas e o anúncio do CC aumentou o caos que o país vive desde outubro, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane - candidato que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos mas que reclama vitória - em protestos a exigirem a "reposição da verdade eleitoral", com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.

Confrontos entre a polícia os manifestantes já provocaram quase 300 mortos e mais de 500 pessoas feridas a tiro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo. 

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