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Moçambique: População paralisa mina da Jindal

Arcénio Sebastião (Beira)
4 de janeiro de 2018

Por causa de uma greve, a mina de carvão da Jindal África em Tete está encerrada há cerca de três semanas. A população, que espera ser reassentada há mais de cinco anos, barricou vias que dão acesso à mina e à fábrica.

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Ladeterminal Jindal Moatize - Linha de Sena
Foto: DW/J. Beck

A comunidade de Cassoca, no distrito de Marara, é composta por mais de 300 famílias e está instalada menos de 500 metros da mina aberta de carvão de coque em Chirodzi, na província central de Tete.

A população aguarda pelo reassentamento desde 2012, altura em que foi realizada uma consulta comunitária. Mas desde então não há avanços neste sentido. Por isso, decidiram bloquear as vias que dão acesso à mina de carvão da Jindal África.

O líder comunitário Juvêncio Sande Jeque está à frente do grupo que paralisou as operações e que exige a rápida transferência para o centro de reassentamento no bairro de Nhamatua, um novo centro distante da zona de exploração mineira.

Mosambik Tete Kohleabbau
Mina de carvão em Tete, a província mais rica nesse mineralFoto: Getty Images/AFP/G. Guercia

Um dos motivos da paralisação é explicado por Jeque:  "A população de Cassoca decidiu paralisar a mina porque, em primeiro lugar, estarmos a perder irmãos por causa de mortes, outros com diarreias outros e com doenças, mesmo que não se saiba qual é a doença. Até este ano já temos 17 vítimas mortais e um [doente] que foi operado lá na cidade é que sobreviveu."

Animais também são afetados

Além das pessoas, a poluição ambiental na região também afeta o gado, que consome ervas contaminadas, diz o líder comunitário. Sande diz ainda que há outras fontes de alimentação contaminadas, exemplificando que "os animais, como sempre, comiam em todos os lados e quando encontram água os animais consomem essa água."

A DW África apurou que estão a decorrer negociações entre a empresa, o Governo e a comunidade. As várias tentativas de contactar a Direção Provincial do Ambiente e a Jindal foram infrutíferas.

O líder líder comunitário Sande Jeque assegura que a população não vai recuar da decisão tomada, visto que já aconteceram casos idênticos. "Já tivemos muitas conversações desde 2015 e o resultado foi de que seríamos reassentados até 2017. Mas até hoje não sabemos exatamente quando", diz.

Na última sexta-feira (29.12.), uma brigada constituída por membros da Direção Provincial da Saúde e da Direção do Trabalho e do Meio Ambiente esteve no terreno para tentar negociar a retomada das atividades na mina.

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