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Quase metade da população do Niassa sofre de desnutrição

Manuel David (Lichinga)24 de junho de 2016

Província do norte do país apresenta uma taxa de 44% de desnutrição crónica, apesar da elevada produção agrícola. Autoridades reconhecem paradoxo e pedem mudanças.

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Niassa in Mosambik
Foto: DW/G. Sousa

O Niassa, no norte de Moçambique, é uma das províncias que mais alimentos produzem no país. No entanto, a desnutrição crónica e a insegurança alimentar são problemas que afectam grande parte da população.

De acordo com as autoridades locais, a taxa de desnutrição crónica, a rondar os 44%, afecta sobretudo as crianças com menos de cinco anos.

Ciente da dura realidade e olhando para as condições agrícolas da província, José Manuel, porta-voz do governo do Niassa, garante que as autoridades provinciais e os seus parceiros de cooperação vão lutar para reduzir a taxa de desnutrição para 30% por cento até 2019.

“Quando fazemos uma avaliação com alguma profundidade, percebemos que a nossa província é altamente produtiva. É um paradoxo termos uma alta capacidade de produção de alimentos e termos o problema da desnutrição”, reconhece o dirigente.

Dirigentes pedem mudança de hábitos

A União dos Camponeses no Niassa e associações de camponeses do distrito de Lichinga, olham com “um sentimento muito triste” para este quadro “nada animador” e afirmam que o problema se deve, em grande parte, à produção de culturas de curta duração.

Bohnen auf dem Markt von Lichinga
Feijão, um dos principais produtos regionais, no mercado de LichingaFoto: DW/J.Beck

“Não temos o hábito de cultivar alimentos aos quais podemos recorrer quando, por exemplo, há falta de milho. Apostamos apenas em algumas culturas, esquecendo outras que podem solucionar a questão da fome”, diz Paulino Emede, coordenador da União dos Camponeses no Niassa. As associações de camponeses consideram que é necessário preparar as comunidades para a mudança de hábitos alimentares.

Aposta em parcerias

“Aquilo que se produz na província tem de ter valor nutritivo”, sublinha Paulino Emede, considerando que “não se justifica o índice de desnutrição crónica tão elevado” no Niassa.

Para resolver o problema, acrescenta o coordenador da União dos Camponeses, já foi feito “algum trabalho no terreno”. “Sentimos que há necessidade de intervir e criar parcerias com algumas organizações”, conclui.

José Manuel, porta-voz do governo do Niassa, defende que o maior problema reside na preparação dos alimentos no seio das comunidades produtoras.

“Entendemos que é importante mostrar à nossa população como é que deve preparar os produtos, usando todos aqueles produtos agrícolas que existem localmente, sublinha o dirigente.

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