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Mpox continua a alastrar: "Não podemos entrar em pânico"

António Cascais
16 de agosto de 2024

Angola partilha uma fronteira extensa com a República Democrática do Congo, onde foi detetada uma nova variante do vírus mpox. Em entrevista à DW, Walter Firmino, da OMS em Angola, descarta haver razão para alarmismos.

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Erupções cutâneas são os sintomas mais frequentes da mpox
Erupções cutâneas são os sintomas mais frequentes da mpoxFoto: AP/picture alliance

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, na quarta-feira (14.08), o surto de mpox em África como uma emergência global de saúde, com casos confirmados entre crianças e adultos de mais de uma dezena de países e uma nova variante em circulação.

Esta é a segunda vez em dois anos que a doença infeciosa é considerada uma potencial ameaça para a saúde internacional, um alerta que foi levantado em maio do ano passado, depois de a propagação ter sido contida e a situação ter sido considerada "sob controlo”.

Em entrevista à DW África, Walter Firmino, oficial de emergência dos escritórios da OMS em Angola, diz que não há razões para entrar em pânico.

DW África: Como descreveria a situação? Porque é que foi declarada uma "emergência global por parte da OMS"?

Walter Firmino (WF): Por causa das mutações do vírus, da gravidade da doença e também da expansão rápida da zona geográfica. Temos países que nunca notificaram casos e agora notificaram, em África, como a Costa do Marfim, que já teve casos e que agora voltaram a ressurgir.

DW África: O que é que se pode dizer sobre a situação nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) em geral e em Angola em especial?

WF: Ao nível de Angola, temos um país vizinho onde a doença é endémica, que é a República Democrática do Congo. Estão a surgir lá muitos casos, sobretudo nos últimos quatro meses. Estão a surgir casos da nova variante que é mais infeciosa e provoca sintomas mais graves. Em Angola, nos municípios que fazem fronteira com a RDC, ainda não surgiram casos.

Centro de tratamento em Goma
A nova variante de mpox surgiu na RDC, onde há registo neste momento de um importante surto ativo da doença Foto: Arlette Bashizi/REUTERS

DW África: Há vozes críticas que mencionam que as vacinas são experimentais e não foram suficientemente testadas. O que é que se pode dizer a essas vozes críticas?

WF: A vacina autorizada pela OMS já passou os testes suficientes o bastante para descartar os efeitos adversos. Portanto, essas vozes já foram ouvidas durante a COVID-19. Os métodos [preventivos] atuais são a sensibilização e vigilância. A vacina é complementar.

DW África: O que é que se pode dizer sobre a perigosidade da nova variante do vírus mpox? É assim tão perigoso que justifique a declaração de emergência global?

WF: A nova mutação do vírus é altamente infeciosa e traz sintomas mais graves nas pessoas imunocomprometidas. Sabemos que em África temos uma população muito importante imunocomprometida, por isso é preocupante a transmissão nessas populações, porque pode causar a morte.

DW África: Há o perigo de voltarmos a uma pandemia como a da COVID-19?

WF: Não. O modo de transmissão do vírus da mpox é simplesmente por contacto. As pessoas podem estar na mesma sala com alguém que tem mpox e podem não ser contagiadas. O mpox é diferente e transmite-se por contacto com saliva e por via sexual, por exemplo. Não podemos entrar em pânico, como no caso de outras doenças de transmissão por via respiratória como a COVID-19.

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