Na ONU, invasão russa à Ucrânia é condenada por 141 países
2 de março de 2022- Delegação ucraniana viaja para nova ronda de negociações com Rússia nesta quinta-feira de manhã
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Última atualização às 19:56 (UTC - Tempo Universal Coordenado)
A assembleia geral da ONU aprovou hoje (02.03) uma resolução que condena a invasão russa da Ucrânia, com o apoio de 141 dos 193 Estados-membros das Nações Unidas. A resolução teve apenas cinco votos contra (Rússia, Bielorrússia, Síria, Coreia do Norte e Eritreia) e 35 abstenções.
Entre os Países Africanos de Língua Porutuguesa (PALOP), Cabo Verde, São Tomé e Principe e Timor Leste votaram a favor, como Portugal e Brasil, e o voto da Guiné-Bissau não terá sido registado, segundo avançaram as agências nesta tarde. Angola, Moçambique, abstiveram-se.
O Governo moçambicano, por sua vez, defendeu hoje a "cessação das hostilidades" no conflito entre Moscovo e Kiev e o relançamento de um "diálogo construtivo", frisando que está em contacto com os moçambicanos que fugiram da Ucrânia devido à invasão russa.
Entretanto, o texto apresentado na Assembleia da ONU "deplora" a agressão russa contra a Ucrânia e "exige" a Moscovo que ponha fim a esta intervenção militar e retire imediatamente e incondicionalmente as suas tropas do país vizinho.
Precedida por mais de dois dias de intervenções na ONU, a resolução também "condena a decisão da Rússia de aumentar o alerta das suas forças nucleares".
Agressão contra a Ucrânia
O texto, apresentado pela União Europeia em coordenação com a Ucrânia, e subscrito por mais de uma centena de países, lamenta "nos mais veementes termos a agressão da Rússia à Ucrânia" e afirma "o seu apoio à soberania, independência, unidade e integridade territorial" deste país, incluindo "as suas águas territoriais".
Intitulada "Agressão contra a Ucrânia", a resolução apela ainda ao acesso sem entraves à ajuda humanitária e "lamenta o envolvimento da Bielorrússia" no ataque à Ucrânia.
A Assembleia Geral da ONU foi convocada para esta sessão de emergência, a primeira desde 1997, depois de não ter sido possível fazer passar uma resolução condenando a invasão russa da Ucrânia no Conselho de Segurança, onde a Rússia, como membro permanente, tem poder de veto.
Na Assembleia Geral não há poder de veto e, de acordo com as regras especiais da sessão de emergência, uma resolução precisa da aprovação de dois terços dos países que votam, e as abstenções não contam.
As resoluções deste órgão plenário não são juridicamente vinculativas, mas têm influência e reflexo na atuação e opinião internacional.
Novos bombardeios
A Rússia voltou hoje a bombardear Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana, num ataque que matou pelo menos 21 pessoas e feriu 112, destruindo diversos prédios, informaram autoridades ucranianas. Ontem (01.03), o ataque a uma torre de televisão na capital, Kiev, deixou pelo menos cinco mortos, interrompendo as transmissões.
Até o momento, a ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e de pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia desde o início da invasão.
Na madrugada de 24 de fevereiro, a Rússia lançou uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 2.000 civis, incluindo crianças, segundo o mais recente balanço de Kiev, que não precisa o número de baixas militares.
A Rússia informou que aguarda uma delegação ucraniana nesta quinta-feira (03.03) de manhã, na Bielorrússia, para nova ronda de negociações com vista a um cessar-fogo, e Kiev anunciou que os negociadores vão a caminho.