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Ucrânia: Coluna militar russa de 60km aproxima-se de Kiev

gcs | cm | com agências
1 de março de 2022

Imagens de satélite mostram uma coluna militar a avançar em direção a Kiev. Moscovo continua a exigir a "desmilitarização" da Ucrânia. A segunda maior cidade do país foi atacada, dezenas de pessoas morreram.

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Foto: Maxar /AP/picture alliance

- Coluna militar de mais de 60 quilómetros aproxima-se de Kiev

- Míssil russo atinge praça central de Kharkiv

- Rússia promete continuar invasão "até alcançar os seus objetivos"

- Primeiro dia de negociações entre Rússia e Ucrânia sem resultados concretos, delegações prometeram continuar as conversações nos próximos dias

- ONU diz que mais de 660 mil pessoas fugiram dos confrontos na Ucrânia

Última atualização às 11:55 (UTC - Tempo Universal Coordenado)

Imagens de satélite mostram uma coluna militar que "vai dos arredores do aeroporto do Antonov, a cerca de 25 quilómetros do centro de Kiev, no sul, até aos arredores de Prybirsk no norte", revelou a empresa norte-americana de imagens de satélite Maxar.

A coluna estende-se por cerca de 64 quilómetros. "Alguns dos veículos estão muito afastados e, noutras partes da coluna, o equipamento militar está posicionado a dois ou três metros de distância".

Infografik Kämpfe in Kiew PT

Bombardeamentos em Kharkiv

A segunda maior cidade do país, Kharkiv, foi, entretanto, alvo de bombardeamentos. O Presidente da Ucrânia disse que um míssil russo atingiu esta terça-feira a praça central da cidade.

"Ninguém perdoará. Ninguém esquecerá", afirmou Volodimir Zelenski, que classificou o bombardeamento de "terror indisfarçável". 

Vídeos mostram também áreas residenciais a serem atingidas, embora o Exército russo negue ter alvos civis. 

Segundo as autoridades locais, pelo menos 11 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas. Ao todo, as autoridades ucranianas falam na morte de mais de 350 civis desde o início da invasão russa, na quinta-feira passada (24.02).

Ukraine-Krieg- Charkiw | Raketenangriffe auf Wohnviertel
Escola destruída após ataque russo à cidade de KharkivFoto: SERGEY BOBOK/AFP

As Nações Unidas registaram até agora 102 mortos, incluindo sete crianças, e 304 feridos, embora tema que os números possam ser "consideravelmente" superiores.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou na segunda-feira para um "aumento das violações dos direitos humanos" na Ucrânia.

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse que a Europa está num "ponto de viragem".  Ao longo da história, "houve momentos de profunda gravidade, que dividiram o curso dos acontecimentos entre um antes e um depois, muito diferente, mais perigoso", acrescentou Bachelet.

Conversações de paz

Na segunda-feira, as negociações entre a Rússia e a Ucrânia terminaram sem avanços para um cessar-fogo.

O conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podoliak, disse que houve dificuldades na mediação do conflito. Ainda assim, "as partes determinaram vários tópicos prioritários sobre os quais foram previstas certas decisões. E discutiram a possibilidade de realizar, o mais breve possível, uma segunda ronda de negociações em que estas questões possam ser desenvolvidas".

A Ucrânia exige a retirada das tropas russas de todo o país, mas, para já, a Rússia não quis divulgar as suas exigências nas negociações. Porém, na segunda-feira, o Kremlin indicou em comunicado que – em conversa com o Presidente francês, Emmanuel Macron – Vladimir Putin disse que três condições para o cessar-fogo seriam a desmilitarização da Ucrânia, um estatuto neutro para o país sob invasão e o reconhecimento da Crimeia como território russo.

Segundo o chefe da delegação russa, Vladimir Medinski, durante as conversações foi possível encontrar "determinados pontos em que é possível antever posições comuns".

Presidente ucraniano, Volodimir Zelenski
Volodimir Zelenski: "Lutamos pelo nosso direito de estarmos juntos com todos na Europa, como iguais"Foto: Ukrainian Presidential Press Service/REUTERS

Esta terça-feira, o ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, anunciou que o país prosseguirá com a "operação militar especial" até "alcançar os seus objetivos".

"O importante é proteger a Federação Russa da ameaça militar criada pelo Ocidente, que tenta utilizar o povo ucraniano na luta contra o nosso país", disse Shoigu, citado pela agência Interfax.

Parlamento Europeu debate pedido da Ucrânia

O Presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, criticou a Rússia por bombardear o país enquanto as negociações decorriam. "A sincronização com o processo de negociação foi evidente", acusou.

Zelenski apelou à saída da Rússia enquanto membro do Conselho de Segurança da ONU e assinou o pedido formal para a entrada, "sem demora", da Ucrânia na União Europeia.

"Esperamos por isso há 30 anos. Lutamos pelo nosso direito de estarmos juntos com todos na Europa, como iguais", declarou.

O Parlamento Europeu reúne-se esta terça-feira numa sessão plenária extraordinária para votar uma resolução em que pede que seja concedido à Ucrânia o estatuto de país candidato à adesão à União Europeia.

Os dados mais recentes da ONU apontam para mais de 660 mil pessoas refugiadas na Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia devido ao conflito na Ucrânia.