Putin ameaça com nuclear, mas Ucrânia não baixa as armas
28 de fevereiro de 2022Delegações da Rússia e da Ucrânia deverão encontrar-se esta manhã – "sem condições prévias" – junto ao rio Pripiate para negociações de paz. O Ministério dos Negócios Estrangeiros bielorrusso disse no Facebook que o local para as conversações "está pronto".
Kiev recusou um encontro na cidade bielorussa de Gomel por o Presidente Alexander Lukashenko ser aliado de Moscovo. No entanto, mesmo estando as conversações previstas para a fronteira entre a Ucrânia e a Bielorrússia, o chefe de Estado ucraniano, Volodimir Zelenski, não se mostra confiante.
"Não acredito muito no resultado desta reunião, mas é preciso tentar para que nenhum cidadão da Ucrânia tenha qualquer dúvida de que eu, enquanto Presidente, usei todas as oportunidades para parar a guerra", afirmou Zelenski.
Nova ameaça de Putin
Na véspera da reunião, o Presidente russo, Vladimir Putin, colocou em alerta máximo as forças de dissuasão russas. As armas nucleares do país estão em prontidão, ameaçou.
Segundo Putin, a decisão prende-se com os "passos hostis" do Ocidente contra a Rússia face às "sanções ilegítimas que todos conhecem muito bem". Além disso, "os altos funcionários dos principais países da NATO também fazem declarações agressivas" contra Moscovo, declarou o chefe de Estado.
A Rússia está cada vez mais isolada no plano internacional. O Ocidente anunciou duras sanções em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, incluindo a exclusão de vários bancos russos do sistema financeiro Swift.
"As sanções financeiras [...] atingem o coração da máquina de guerra do Kremlin. Limitam a capacidade de Putin de financiar sua guerra agressiva contra a Ucrânia", disse o vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis.
Além disso, vários países europeus, incluindo a Alemanha, e o Canadá anunciaram o fecho do espaço aéreo a aviões russos.
UE unida, envia armas para a Ucrânia
Ao mesmo tempo, continua a haver combates nas ruas de Kharkiv, no leste do país, e as tropas russas aproximam-se da capital ucraniana, Kiev.
Para já, o comando militar da Ucrânia diz que está a conseguir travar o avanço russo. De acordo com o comandante-chefe do exército ucraniano, Oleksandr Syrski, "as tropas russas estão desmoralizadas e exaustas".
Vários países europeus prometeram enviar mais ajuda militar para a Ucrânia.
Este fim de semana, o chanceler alemão, Olaf Scholz, anunciou o envio de 1.000 armas antitanque, 500 mísseis terra-ar Stinger, 14 veículos blindados e 10 mil toneladas de combustível. Deu ainda "luz verde" à Holanda para enviar à Ucrânia 400 bazucas e autorizou a Estónia a enviar armas do stock da antiga Alemanha de Leste.
Scholz disse que abriu uma exceção na política de exportação de armas da Alemanha por a invasão russa ser um "momento de viragem" no continente. Até aqui, Berlim tem recusado enviar material bélico para zonas de conflito.
"Nunca aceitaremos a violência como instrumento político. Não vamos descansar enquanto a paz não for garantida na Europa", escreveu o chanceler na rede social Twitter.
Esta segunda-feira (28.02) de manhã, a ministra alemã da Defesa, Christine Lambrecht, assegurou em entrevista à rádio pública alemã Deutschlandfunk que as armas "já estavam a caminho" da Ucrânia.
A Suécia e a Dinamarca também anunciaram o envio de equipamento militar para o país, incluindo armas antitanque. A Holanda prometeu enviar 200 mísseis Stinger, 50 armas antitanque, 400 mísseis, 100 espingardas de precisão e 30.000 munições.
A União Europeia decidiu no domingo conceder 450 milhões de euros para financiar o fornecimento de equipamento militar letal à Ucrânia, além de 50 milhões para suprimentos não letais, como combustível e equipamentos de proteção.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, frisou que é "a primeira vez na história" que a União Europeia vai financiar este tipo de equipamento, em conjunto.
"A União Europeia é um projeto de paz e queremos continuar a lutar pela paz na Europa", acrescentou.