Edil de Nampula acusa FRELIMO de pretender matá-lo
28 de setembro de 2022Paulo Vahanle, presidente do Conselho Municipal de Nampula, a terceira maior cidade de Moçambique, denunciou publicamente alegadas ameaças de morte por indivíduos a serviço da da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).
"Agora nos ameaçam que vão prender-me e vão matar-me. Mataram Amurane, mas está aqui um outro macua. Este problema [da discriminação] dos macuas com a FRELIMO vem desde há muito tempo."
No início do mês, a FRELIMO voltou a ser alvo de polémica depois de um membro sénior do partido acusar os cidadãos de etnia macua de permitirem a derrota dos camaradas em cinco municípios, incluindo em Nampula. Até hoje, o partido no poder em Moçambique não se distanciou das declarações.
No fim de semana, o autarca da a Resistência Nacional Moçambicano (RENAMO), Paulo Vahanle, não explicou detalhadamente como tem recebido as ameaças de morte.
Mas mandou recados à FRELIMO: "Deixem de buscar pessoas fora para nos vir destruir, nos prender e nos matar; quem criou as dívidas ocultas não foram os macuas."
FRELIMO desvaloriza acusações
A DW África contactou a FRELIMO para obter um pronunciamento sobre o caso, mas não obteve resposta. Os quadros do partido estavam reunidos em Congresso na cidade da Matola, no sul do país.
Mas fonte do comité provincial do partido, que pediu o anonimato, desvalorizou as acusações de Paulo Vahanle, acrescentando que o foco da sua formação política é o delineamento de estratégias para vencer as próximas eleições.
Ainda assim, o jornalista Aunício da Silva olha com preocupação para as declarações de Paulo Vahanle. "Sobretudo pelo histórico e o que terá acontecido na cidade de Nampula, com o assassinato de Mahamudo Amurane", lembra.
Morte de Amarune continua por esclarecer
O antigo autarca de Nampula, antecessor de Paulo Vahanle, foi assassinado em outubro de 2017.
Até hoje, não são conhecidos os autores do crime, embora um antigo vereador e um empresário que reabilitava a residência particular de Amurane tenham sido indicados pelo crime.
Para evitar casos do género, Aunício da Silva aconselha a RENAMO a reforçar a segurança do edil de Nampula.
"Já tivemos assassinatos de políticos que nunca foram esclarecidos. Nunca há pistas para que as pessoas sejam encontradas e responsabilizadas, tanto os autores morais como materiais. E vindo isso do próprio edil, eu penso que a RENAMO devia encarar com alguma preocupação", afirma.