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EducaçãoMoçambique

Niassa com menos 15 mil matrículas escolares que o previsto

Conceição Matende
13 de janeiro de 2023

Ataques no norte de Moçambique podem estar a prejudicar o processo das matrículas escolares para o novo ano letivo que arranca em 31 de janeiro. Registaram-se menos 15 mil alunos do que o previsto na província do Niassa.

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Foto: Arcénio Sebastião/DW

Na província do Niassa, das 105 mil inscrições previstas, apenas 90 mil foram efetuadas. As matrículas para o próximo ano letivo decorreram de 2 de outubro a 29 de dezembro de 2022.

"O maior défice de incumprimento foi para o distrito de Mecula. Neste momento estamos com 45,2% do processo de matrículas, quer dizer nem à metade chegámos", lamenta Omar Orado, chefe do Departamento de Planificação Escolar na província do Niassa.

Segundo Omar Orado, pelo menos três distritos não cumpriram sequer a metade das matrículas previstas. Para os responsáveis do setor da educação na província, a situação deve-se aos ataques terroristas preconizados no final de 2022 e à não valorização do ensino.

Prorrogado processo de matrículas

Apesar de ainda não existir uma nota oficial do Ministério da Educação de Moçambique para a prorrogação das matrículas escolares, Omar Orado orienta que as escolas devem continuar a aceitar inscrições até ao início do ano letivo.

Mosambik Manica | Bildung & Lehre | Schulgebäude
Muitas escolas em Moçambique têm infraestrutura com fracas condiçõesFoto: Bernardo Jequete/DW

"O que adianta fechar as portas quando [ainda existem] algumas crianças para se matricularem?", questiona.

"A maior parte da justificação dos pais e encarregados de educação é que levaram as crianças para as machambas [campo de cultivo] e regressariam no início das aulas. Então, se barrarmos ou terminarmos as inscrições, ficaremos prejudicados", adverte o responsável.

Causas múltiplas

Luís Buanahaque, representante do diretor do Serviço Distrital da Educação, Juventude e Tecnologia, de Mecula, acredita que vários fatores influenciaram o não cumprimento das metas pré-definidas no processo de incrições nas escolas.

Mosambik l Schule Escola Primaria de Maquival in Quelimane, Zambezia
Escola primária em Quelimane, província da ZambéziaFoto: Marcelino Mueia/DW

O responsável considera a não valorização da educação e os ataques terroristas como os principais motivos.

"O nosso distrito não valoriza a educação. Tratando-se de uma educação rural, os pais e encarregados de educação só se preocupam quando ouvem dizer que amanhã arrancam as aulas", lamenta.

"E outro fator foi que no ano passado sofremos aqueles ataques terroristas. Os alunos estão nas periferias e os pais ainda estão no processo de consciencialização", relata.

"Estamos a trabalhar com os diretores das escolas que devem passar de casa a casa para fazer o levantamento das crianças que ainda não se matricularam", adiantou.

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