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SADC deverá coordenar novos diálogos em Madagáscar

15 de outubro de 2012

Ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano (foto) pretende ir a Madagáscar em breve para negociações entre o ex e atual presidentes do país. A situação na ilha continua num impasse depois de um golpe de Estado em 2009.

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Joaquim Chissano, ex-Presidente de Moçambique e mediador da SADC para a crise de Madagáscar
Joaquim Chissano, ex-Presidente de Moçambique e mediador da SADC para a crise de MadagáscarFoto: Johannes Beck

Três anos depois do golpe no Madagáscar, ainda não foi encontrada uma solução para a crise existente entre o atual presidente, Andry Rajoelina, e o ex-presidente deposto, Marc Ravalomanana.

Nos últimos meses, vários encontros nas Ilhas Seychelles não tiveram resultados palpáveis. O mediador oficial neste conflito é Joaquim Chissano, o enviado da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, SADC. O ex-presidente de Moçambique anunciou numa entrevista exclusiva à DW África que vai a Madagáscar nos próximos dias.

DW África: O que se pode fazer para que as partes encontrem uma solução para o impasse?

Joaquim Chissano: Foi sempre muito difícil criar um ambiente de mútua confiança. É importante para qualquer solução o mínimo de confiança entre as partes. Hoje o obstáculo é a solução do problema de regresso do presidente deposto, Marc Ravalomanana, a Madagáscar sem problemas, que ele não seja perseguido quando regressar. Mas há questões em tribunal que tem de ser resolvidas, então estamos a trabalhar nesse assunto para o alcance de uma solução. É preciso haver cooperação entre as partes para se encontrar um meio termo.

DW África: Há abertura para o diálogo suficientemente grande por parte do atual governo de Andry Rajoelina?

JC: Sim, temos notado alguns progressos. Houve uma altura em que as duas partes estiveram em diálogo através das suas delegações e a dado momento Marc Ravalomanana quis forçar o seu regresso e isso interrompeu o diálogo que tínhamos conseguido inicialmente entre as duas partes. Mas o governo de transição ainda se mostra aberto ao diálogo, quero dizer, Andry Rajoelina. Falar de governo de transição seria demais, porque no governo de transição há forças que representam o grupo de Marc Ravalomana, que às vezes vão para o governo e às vezes retiram-se. Mas eu vou a Madagáscar em breve e ver como retomar o diálogo entre as partes existentes na ilha.

DW África: É possível uma solução em que nem Ravalomanana nem Rajoelina sejam os presidentes da República?

JC: Sim, pode ser uma solução, mas é preciso primeiro encontrar as bases para um diálogo são entre as partes e veremos qual a solução que encontraremos lá. Há várias possibilidades, e essa é uma delas.

DW África: Falta pouca pressão da comunidade internacional. Para além da SADC, houve pouco envolvimento de outros países.

JC: Os outros países estão a dar a oportunidade a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) de resolver a questão, o que é normal. A SADC, como organização sub-regional, deve ter a primazia na resolução de conflitos, mas não deixamos de envolver parceiros na busca de soluções. Temos trabalhado com parceiros como a União Europeia, as Nações Unidas, com a francofonia, com os países do Oceano Índico, portanto todos estão envolvidos, mas a primazia é para SADC, porque também é preciso evitar que muitos cozinheiros estraguem a sopa (risos).

Autor: Johannes Beck (em Berlim)
Edição: Nádia Issufo/Renate Krieger