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"Não há dois Presidentes na Guiné-Bissau"

Lusa
1 de agosto de 2021

Braima Camará, coordenador nacional do Movimento para a Alternância Democrática da Guiné-Bissau (MADEM-G15) afirmou ontem que não existem dois presidentes no país, nem dois coordenadores nacionais do seu partido.

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Guinea-Bissau I Braima Camará
Braima Camará.Foto: Braima Darame/DW

"Não há dois Presidentes da República na Guiné-Bissau e nem co-Presidente da República, mas sim um Presidente da República eleito democraticamente, graças aos esforços de todos vocês aqui. Quero dizer-vos também que não há dois coordenadores nacionais do Madem e nem dois presidentes do Madem, mas apenas um coordenador e mais ninguém", afirmou o líder do MADEM-G15.

Braima Camará discursava na sessão de abertura do Conselho Nacional do partido, que decorre até hoje (01.08) numa unidade hoteleira, em Bissau.

Antes, Braima Camará advertiu que o partido está de "olhos abertos" e recordou que os secretários regionais estão sob dependência direta do coordenador nacional do partido.

"Se houver qualquer movimentação estranha serão substituídos", disse, salientando que quem quiser pode candidatar-se no próximo congresso, em setembro de 2022, à liderança do MADEM-G15.

Guinea-Bissau Braima Camará MADEM-G15
O líder do MADEM-G15 Braima Camará (foto de arquivo).

"Silêncio"

Braima Camará explicou também que tem estado em silêncio nos últimos tempos, mas ouviu muitas coisas, sobretudo, daqueles que diziam que não tinha condições para defender o partido, alegando que é o único líder partidário que vê os "seus indicados no Governo exonerados e não consegue fazer nada".

O coordenador nacional do MADEM-G15 recusou acusações de que foi comprado, afirmando que "nem Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos, tem dinheiro" para o comprar. 

Braima Camará disse também que "acabou a brincadeira no MADEM" e que a partir de agora só vai contar "quem está presente".

"Ninguém é insubstituível no MADEM. Se Braima Camará decidir sentar-se na sua casa, aparecerão melhores do que Braima Camará", avisou.

Em relação à distribuição de pastas ministeriais na coligação no Governo, Braima Camará disse que a política é "feita de acordos e de compromissos".

O coordenador nacional do MADEM-G15 afirmou também que o partido deve respeitar a Constituição e o Estado de Direito democrático e que os militantes devem cumprir com os estatutos do partido.

Segundo partido mais votado

O MADEM-G15, segundo partido mais votado nas eleições legislativas de 2019 e que integra a coligação no Governo, manifestou indignação em abril na sequência de uma remodelação governamental na qual perdeu várias pastas governamentais.

Os quadros técnicos e a juventude do partido chegaram mesmo a exigir a sua saída da coligação.

O MADEM-G15, juntamente o Partido de Renovação Social (PRS) e a Assembleia do Povo Unido -- Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) fazem parte da coligação no Governo no país.

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Líderes do MADEM G-15 e o Presidente da Guiné Bissau, Umaro Sissoco Embaló (dir). Foto de arquivo.Foto: MADEM-G15

O PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) venceu as eleições legislativas de 2019, mas o seu Governo foi deposto em 2020 pelo Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló.

A semana passada, Braima Camará apelou à unidade dos guineenses e afirmou que não pode pertencer a regimes que não respeitam as regras do Estado de Direito.

"Não vamos promover a ditadura neste país. Eu tenho princípios, e os que me conhecem sabem que tenho convicção, que definitivamente os guineenses têm de entender-se, respeitar o Estado de Direito democrático", disse, apelando ao diálogo, à tolerância e ao fim da violência.

Comunidade muçulmana

Braima Camará fez as declarações no âmbito de mais um desentendimento entre a comunidade muçulmana relativo ao dia da festa do sacrifício e depois de o Governo, através do Ministério da Função Pública, ter anunciado o dia 21 de julho como feriado no âmbito daquelas festividades.

Em resposta, o Presidente guineense afirmou que não é um ditador e que o país é um Estado de Direito, mas que não vai permitir desordem nos partidos que fazem parte da coligação no Governo.

"Todas as instituições estão a funcionar. O Presidente é moderador. Desordem na Guiné-Bissau acabou e nem eu tenho o direito de fazer desordem. Agora, no exercício de funções as pessoas podem ter opinião desde que não ofendam ninguém", afirmou Umaro Sissoco Embaló, em declarações aos jornalistas, após a tomada de posse do novo presidente do Tribunal de Contas.

"Se há um regime ditatorial? Eu não sou um ditador. Isto é um Estado de Direito", disse o Presidente guineense, quando questionado pelos jornalistas sobre relações feitas recentemente pelo coordenador nacional do MADEM-G15.

O Presidente guineense disse também que é preciso dialogar e que só há uma coisa que não permite, nomeadamente, "desordem no MADEM-G15", partido do qual era dirigente e que apoiou a sua candidatura às presidenciais.

No início deste mês, o referido partido apresentou ao chefe de Estado um relatório com um conjunto de recomendações para consolidar a coligação no Governo.

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