"Não há uma liderança firme contra corrupção em Moçambique"
24 de março de 2016Adriano Nuvunga, investigador do Centro de Integridade Pública (CIP), critica a ausência de vontade política para o combate cerrado contra a corrupção em Moçambique que, no seu entender, cimenta as desigualdades sociais no país. "Não há uma liderança firme contra a corrupção" no país, sublinha.
O especialista lembra que no programa quinquenal do Governo de 2015/2019, a palavra corrupção é citada em apenas quatro ocasiões. Por isso, Adriano Nuvunga avalia negativamente o primeiro ano de governação do Presidente moçambicano nesta área.
Uma das recomendação do especialista é que Filipe Jacinto Nyusi, "como a mais alta figura do Estado, assuma o combate à corrupção como a sua prioridade número um". Porque se não for dada prioridade ao combate à corrupção, "toda a estratégia esboçada no plano quinquenal do Governo logrará pouco sucesso", alerta.
O facto de o Gabinete Central de Combate à Corrupção ter deixado de publicar relatórios mensais das suas acções constitui uma das razões que concorrem para esta conclusão.
Mais intervenção
Já Augusto Madeira, um dos participantes do encontro, sugere uma maior intervenção contra a corrupção no setor político. "Temos na Assembleia da República determinadas bancadas que propõe comissões de inquérito para apurar o funcionamento de determinadas instituições, mas outras bancadas proíbem".
José João, outro participante, sugere uma aposta na formação centrada na ética e na cidadania para que a corrupção deixe de ser uma preocupação a médio e longo prazo em Moçambique. "Acredito que as virtudes são adquiridas. Ninguém nasce já corrupto", afirma.
"Se começamos a incutir nos nossos filhos a necessidade de serem pessoas íntegras, acho que sairemos com mais benefícios do que se tentarmos simplesmente combater a corrupção daquele que a pratica e é sancionado", defende.
Outra questão de fundo que mereceu especial atenção no debate desta quarta-feira (23.03) foi a sustentabilidade da dívida pública do país que, segundo os intervenientes, constitui o nó de estrangulamento da governação de Filipe Nyusi.