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O Chade envia tropas para a Nigéria

Marc Dugge/Maria João Pinto19 de fevereiro de 2015

O exército do Chade, conhecido como um dos mais preparados e experientes de África, juntou-se recentemente à ofensiva regional contra o grupo radical islâmico nigeriano Boko Haram.

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Foto: AFP/Getty Images/M. Medina

A paciência de Idriss Déby há muito que dava sinais de estar a chegar ao fim. Já no verão passado, o Presidente do Chade mostrava sinais visíveis de impaciência perante os ataques do grupo extremista na vizinha Nigéria: “A Nigéria tem um exército enorme e não consegue travar esta rebelião armada”, disse Déby há tempos, qualificando a situação de “inacreditável”, mas acrescentando: “Não se pode entrar sem mais nem menos no território nigeriano sem o consentimento do Governo. E este nunca pediu ajuda”.

Mas em Fevereiro, a situação tornou-se insustentável para o Presidente chadiano, que decidiu enviar os seus soldados para a Nigéria, considerando que o território nacional estava a ser ameaçado pelos extremistas islâmicos. Recentemente, pelo menos cinco pessoas morreram no primeiro ataque do Boko Haram no Chade, numa localidade situada a menos de cem quilômetros da capital do país, N’djamena.

O papel crucial do Chade

Idriss Deby Präsident Tschad
Idriss Déby, Presidente do ChadeFoto: AFP/Getty Images/Seyllou

O Chade está agora na linha de fogo dos radicais islâmicos. Mas o seu exército é considerado um dos mais bem equipados do continente africano e, provavelmente, nenhum outro domina tão bem o combate no deserto. Por esta razão, os soldados chadianos lutaram no Mali, ao lado dos franceses, contra os rebeldes islâmicos. E estão agora na Nigéria, no centro do combate ao Boko Haram.

A base da força multinacional de luta contra o grupo radical criada por vários países da região está localizada na capital chadiana. E parece claro que será o Chade a definir os termos da luta, juntamente com a França. O exército francês também está na região, com três mil soldados estacionados em território chadiano. Idriss Déby já deu luz verde à parceria: “O exército francês deve trabalhar em estreita colaboração com as forças africanas para combater as muitas ameaças que enfrentamos. Deve trabalhar para garantir que os países africanos possam tomar conta deles mesmos, quando estiverem sozinhos.

Estreitas relações com a França

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Chadianos em fuga do ataque do Boko Haram contra Ngouboua(13/2)Foto: Reuters/M. Nako

Idriss Déby e a França têm uma relação estreita. Foi em França que o Presidente chadiano treinou como piloto de caças, ganhando o apelido de “Cowboy do Deserto”. Em 1990 subiu ao poder no Chade e tem governado o país com mão-de-ferro, fazendo frente à oposição e aos rebeldes com o apoio frequente da França. Ainda hoje, o Presidente francês, François Hollande, tem Déby em grande consideração: ”O Chade desempenha um papel muito especial para a França, devido à sua situação geográfica e geopolítica. E por causa da liderança corajosa de Idriss Déby. A França e o Chade estão intimamente relacionados. Não há segurança em África sem um Chade forte”, disse Hollande recentemente.

Na realidade, o Chade não é assim tão forte. O país surge muito abaixo no índice de desenvolvimento da ONU – no lugar 184 – e, apesar da produção de petróleo, continua a ser muito pobre. Grande parte dos recursos financeiros chadianos destina-se a adquirir armamento, especialmente francês, de acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa de Armamento SIPRI. O documento revela que as receitas do petróleo são utilizadas para “cimentar o domínio do regime de Idriss Déby”.

Mas na Nigéria, muitos estão gratos pela ajuda militar do Chade. E grande expetativa recai agora sobre os soldados do norte, já que muitos nigerianos perderam a confiança nas tropas nacionais.

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