O Corno de África não deve ser esquecido
19 de julho de 2012Investimentos de longo prazo em programas preventivos e na agricultura são menos caros do que ações humanitárias imediatas, defendeu a organização humanitária num encontro na segunda-feira (16.7) em Bona.
Poços, sistemas de irrigação e centros de saúde – esses são atualmente os grandes projetos para a África ocidental, afirma a organização humanitária, ao sublinhar que em algumas regiões, a situação depois da catástrofe da seca é agora melhor. Foram registadas muitas precipitações pluviométricas, mas isso não significa que não haja mais fome, destaca a organização. Faltam sementes e um conceito sustentável de agricultura, como afirmou em entrevista Axel Rottländer, da CARE. "Nós chegamos novamente naquele momento em que podemos afirmar que uma crise de fome está a caminho. Nós ainda não estamos lá, mas temos todos os indícios de que a oferta de alimentos e de ração para os animais levarão a uma nova crise de fome."
Diariamente chegam ao campo de refugiados de Dadaab no Quénia 1500 pessoas
Muitas pessoas fugiram da seca e da instabilidade política, e foram parar por exemplo no campo de refugiados de Dadaab, no Quénia. A maioria vem da Somália, país marcado pela instabilidade política e pela fome. Axel Rottländer visitou o campo de refugiados de Dadaab e saiu de lá abalado: "Todos os dias chegam de 1000 a 1500 pessoas a Dadaab. Isso nos trouxe desafios inacreditáveis. Precisamos levar água com urgência, distribuimos lonas de plástico, mosquiteiros, colchões. Precisamos providenciar cuidados médicos.
Segundo o funcionário da CARE, muitas pessoas, principalmente mulheres, enfrentaram situações horríveis: " foram roubadas, estupradas, seus filhos morreram no caminho, elas chegam totalmente exaustas e traumatizadas."
Existe um défice de 20 milhões de euros para o apoio dos refugiados em Dedaab
Atualmente vivem no campo de refugiados de Dadaab quase meio milhão de pessoas. As organizações humanitárias presentes só conseguem abastecer a metade dessas pessoas. A CARE fala de um défice de 20 milhões de euros. A organização humanitária garante o fornecimento de água para os refugiados e distribui alimentos, mas nem todos são atendidos, diz Axel Rottländer: "Uma questão muito importante para nós é que possamos garantir educação para as crianças de lá. Isso é uma prioridade, porque se as pessoas de lá quiserem ter um futuro, a educação será a chave para isso."
Nos próximos cinco anos a CARE quer ampliar os seus programas existentes no continente africano com a meta de que muitas pessoas possam voltar para suas aldeias de origem. Projetos específicos devem melhorar a agricultura e o abastecimento de água, especialmente nas comunidades mais pobres.
Autor: Anne Burghard/Francis França
Edição: António Rocha